segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nostalgia de domingo: saudades dos lanterninhas

Programa de curitibano no Domingo é ir ao Shopping ou ir ao parque. E em dia de chuva, o que é praticamente todo dia ultimamente, todo mundo vai ao Shopping.  Fim de semana de estréia de Never Say Never 3D a coisa fica ainda pior. 

Esse fim de semana, pra fugir do tédio do Domingão do Faustão, resolvi me arriscar na selva urbana do shopping center pra assistir Somewhere da Sofia Coppola, que estreou só esse fim de semana em Curitiba. A saga (sim, foi uma saga e você já vai entender porque) começou  já na hora de encontrar um lugar que estivesse exibindo o tal filme. Admito que a Sofia não é a diretora mais popular do mundo e que pra apreciar os filmes dela é preciso se deixar levar e livrar a mente de preconceitos com cinema cult. Mas ainda assim, achei super estranho que o filme estivesse sendo exibido em apenas uma sala, em um único cinema. Como de costume cheguei uma hora antes pra comprar o ingresso, uma sábia decisão já que demorei mais de dez minutos pra achar uma vaga no estacionamento. Mas isso não foi nada perto do problema que enfrentei quando cheguei na bilheteria. Eu não contava com um detalhe: Justin Bieber. Adolescentes de todas as tribos e faixas sociais, excitados e barulhentos, se aglomeravam em uma fila que serpenteava até a praça de alimentação enquanto só dois, dos cinco caixas estavam disponíveis. Para minha sorte havia uma daquelas maquinas pra comprar o ingresso com o cartão de débito e a fila estava bem menor. Enfrentei a fila da máquina, o que levou uns cinco minutos só. O problema foi que ao chegar a minha vez, pasmem, a máquina só vendia ingressos pra ver o "Biba" em 3D. Tudo bem,  calmamente me afastei juntando forças pra enfrentar a desafiadora fila. E bota desafiadora nisso... Foram 35 minutos de espera. Os únicos dois caixas abertos até tentavam ir mais rápido, mas cada vez que um adolescente ficava na frente do monitor pra escolher o lugar, que agora é marcado como nos teatros, demorava uns cinco minutos discutindo com os companheiros. Quando finalmente consegui comprar minhas duas entradas inteira, pagando R$32,00, faltavam cinco minutos pro filme começar.

Pensando que estávamos seguras, entregamos nosso ingresso e fomos até a bombonière para comprar uma água e um docinho já que não dava tempo de ir na Americanas, como geralmente faço. Só que nos deparamos com mais uma fila gigante. E ao tentar sair pra ir na Americanas ou na praça de alimentação pegar uma águinha, fomos barradas pelo funcionário, mesmo tendo o canhoto em mãos. Resultado: enfrentamos uma fila para comprar a água mais cara do mundo. O docinho ficou pra próxima.

Felizmente a sala estava praticamente vazia, salvo por três senhoras e um casal. Pensei que o inferno tivesse chego ao fim. Agora eu finalmente poderia aproveitar uma hora e meia de cinema. As luzes diminuíram, os trailers terminaram e o filme começou... Junto com um cheirinho de chulé. A principio pensei que alguém tivesse aberto um pacote de Cheeto´s bolinha, instintivamente olhei pra trás só para ter uma visão horrível. As três senhoras, com mais de quarenta anos, tinham tirado os sapatos e apoiado os "pézinhos" na poltrona da frente. Como se não bastasse, as delicadas senhoras desandaram a tagarelar em voz alta durante o filme. E não adiantou olhar, fazer cara feia ou gritar "schhhh!". As senhoras tomaram conta da sala. Um rapaz saiu da sala e voltou com um funcionário do cinema, que olhou, deu meia volta e saiu.

Uma hora e meia depois eu tinha odiado o filme, estava estressada, com dor de cabeça, indignada, tinha sido pisoteada pelas fãs do Bieber na saída e meu prejuízo total tinha sido de R$41,50. Digo prejuízo porque eu saí de casa pra me desestressar e voltei mais estressada do que saí.

Fazia tempo que estava de molho em casa, não ia ao cinema há um bom tempo e atualmente tenho freqüentado o cinema do Novo Batel, menor, sem tanta tecnologia, mas freqüentado por pessoas um pouco mais calmas. Fazia tempo que eu não entrava num multiplex de um shopping grande e pra dizer a verdade essa experiência me fez refletir se eu tive falta de sorte ou se as pessoas realmente estão ficando mal educadas.

Minha conclusão? Foi um pouco de falta de sorte sim, mas também houve descaso.

Eu sei que exibir um filme custa caro, trabalho com isso, sei que não dá pra cobrar pouco mesmo, ainda mais por um filme pouco procurado como foi o caso do que eu fui assistir, mas o cinema deveria no mínimo disponibilizar funcionários suficientes pra suprir a demanda de domingo e não deixar a gente mofando na fila por 35 minutos. Não me importo de pagar se for pra ser bem atendida. Custava ter um funcionário na sala como os antigos lanterninhas pra mandar os tagarelas calarem a boca? Afinal, meu ingresso custou tanto quanto o ingresso das senhoras tagarelas, o funcionário não ia poder fazer nada quanto a falta de higiene pessoal delas mas poderia pelo menos faze-las calar a boca durante o filme. É triste precisar de lanterninha pra calar a boca de senhoras de quarenta anos de idade. O ideal seria que elas fossem tagarelar na casa de chá ou no cabelereiro e não no cinema.

Agora, quanto a falta de educação. Isso vem de berço, não podemos fazer nada quanto a isso a não ser educar bem os nossos filhos pra que eles não sejam como esses adolescentes escandalosos que pisoteiam quem quer que esteja no caminho porque tem uma biba de franja em 3D.

E é por essas e outras que toda vez que eu tiver vontade de ir ao cinema, vou guardar o equivalente ao valor do ingresso pra comprar uma TV bem grande e esperar o filme sair em DVD.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Saindo das trevas por Priscylla Dalfovo Biasi

Sabe aqueles dias em que você sente que nada mais faz sentido? Quando você acorda e pensa: "Que p...a é essa que eu ando fazendo da vida? Onde foi que eu peguei a curva errada? Por que, oh Deus, Buddah, Cristo, Mohamed, Jeová, oh, por que?". Todo mundo tem dias ruins em que entra em parafuso, deixa de acreditar em si mesmo, se torna dramático, canastrão ou começa a achar que o caminho que está pegando não é o que deveria ter pego desde o início. Aí você começa a pensar que tem pouco tempo. E o tempo é cruel, muito cruel, porque além de passar depressa demais, ajuda a te desvalorizar, especialmente se você for mulher. E geralmente como esses dias aparecem, eles vão embora, mas algumas outras vezes você precisa de mudanças maiores.

Eu, por exemplo, acordei me sentindo um lixo, mal amada, sozinha, desviada do meu caminho, machucada, sentindo como se todos os meus sonhos fossem besteiras que eu cultivei durante os anos e que jamais se tornariam realidade. Uma(s) passada(s) na sessão de auto ajuda da Fenac, aulas diárias de italiano por dois meses, alguns anti depressivos, algumas taças de vinho, alguns filmes de sessão da tarde, muito David Garrett, um corte de cabelo, 5 kg a menos, uma balada fracassada e duas plásticas depois (ufa!) e eu estava nova em folha. Mas vamos admitir que eu sou uma rainha do drama, então, acho que foi até pouco.

Então hoje, se me permitem, quero dividir com vocês algumas coisas que aprendi nesta breve mas significativa, estadia no mundo das sombras.

Como meus problemas eram de todas as ordens, sentimental, pessoal, profissional e físico, minha primeira reação foi chorar muito. Mas aí eu tinha a Amanda comigo (pra quem não sabe, Amanda é minha prima, ela é uma palhaça no bom sentido). 

Então lição número 1: ENCONTRE UMA AMANDA
Sorria! Você está na merda... Podia
ser pior, você poderia ter chifres rosa
shock ou passar o ano novo no buraco.

Quando a gente está por baixo, precisa de alguém que te coloque pra cima. Eu tenho a sorte de ter essa pestinha por perto, que me ouve sem questionar, faz rir mais do que qualquer outra pessoa no mundo e adora bolar planos extremamente sádicos pra me tirar do buraco. Não é tão simples assim encontrar uma Amanda, elas são raras, mas se você tiver dificuldades, vou deixar aqui o maior ensinamento que ela me passou nesses dias: podia ser pior, então, sorria, você está na merda!

Se você analisar bem a fundo, sua situação é ridícula. Sempre é ridícula. Por pior que seja, ainda tem um lado ridículo. E é esse lado que vai te ajudar a voltar pro topo. Não é fácil no começo, mas depois que você começa a brincar com o problema ele vai diminuindo e quando você menos percebe ele desapareceu e você voltou a acreditar em si mesmo.

Lição número 2: DÊ OUVIDOS SÓ A SI MESMA, MAS OUTRAS EXPERIÊNCIAS PODEM AJUDAR

Nenhum livro pode te dizer  o que
é realmente melhor fazer agora. Mas
nada impede que você dê boas gar-
galhadas
Eu leio muito. E nos dias de deprê acabei procurando livros de auto-ajuda. E minha conclusão? PQP! Claro que é fácil retomar a vida depois de largar tudo e viajar pela Europa e Ásia durante um ano, mas vamos ser realistas, quem realmente pode dar uma guinada assim na vida da noite pro dia? Parece que todo idiota que superou um obstáculo mínimo escreve um livro de auto ajuda. Especialmente quando se trata de coração partido. Então jogue fora os livros de auto-ajuda e pense em coisas que pode fazer AGORA pra deixar isso tudo pra trás. Ajuda muito mais viver um minuto de cada vez, especialmente se seu problema é de ordem profissional, de falta de fé em si mesma.

Saiba que é natural se sentir fracassado quando as coisas demoram a acontecer ou quando você é perfeccionista demais, mas não é por isso que você precisa ficar focando no lado negativo. Faça como os alcoólatras, viva um dia de cada vez e se precisar dar um tempo no que estava fazendo pra se recuperar, tire esse tempo. VOCÊ MERECE.

E também merece umas gargalhadas, então se for passar na sessão de auto-ajuda, passe depois na sessão de romances e procure esse livro "BEBER, JOGAR F@#ER", do Andrew Gottlieb. 

Lição número 3: SIGA EM FRENTE E APRENDA COM OS ERROS

Essa é a lição mais difícil de ser assimilada porque cada um precisa de um incentivo diferente pra seguir em frente. Mas primeiro o que é seguir em frente?

Quando estamos machucados, nos sentindo fracassados, frustrados e com medo do que pode estar reservado para nós, perdendo tempo, não é fácil retomar a vida e a rotina. Não é de uma hora pra outra que magicamente tudo vai voltar a se encaixar e fazer sentido. Pra algumas pessoas isso acontece mais rápido, pra outras, demora um pouquinho e exige mudanças mais drásticas. Então vamos dividir aqui por categorias de problemas algumas dicas que podem te ajudar.

  • Se seu problema for de ordem sentimental...
Amores... Esses vão nos assombrar pro resto da vida. Existem tantos problemas que podem surgir por causa deles. E digo mais, amores fracassados fazem qualquer outro problema parecer bem maior.

Se o seu caso é falta de amor, digo pra SAIR DE CASA E PARAR DE SE PREOCUPAR. Eu sei que existem muitos sapos, mas também existem muitos príncipes. Garota, você tem sorte de viver no Brasil, sabia que na Austrália existe uma seca de homens? Então encare o lado positivo e saia de casa, se dedique ao trabalho, faça um curso, viaje, cuide de si mesma e deixa estar (let it be) que os amores surgirão. Dica: Assista "Sob o sol da toscana".

Se o seu caso é estar presa em um relacionamento onde só existe amizade: baby, amigos você já tem tantos! Abra o jogo, liberte-se. Vai doer um pouco, mas vai perceber que vai ficar bem menos deprimida depois e os dois serão mais felizes. Em hipótese alguma use isso como desculpa para traição. Dê um fim no relacionamento e leve o ex pra tomar uma cerveja depois que as feridas cicatrizarem.

Se o seu caso é ficar pulando de relacionamento em relacionamento sem nunca conseguir se apegar, digo pra primeiro descobrir quem você é e o que realmente quer antes de se envolver seriamente com alguém. Isso pode levar tempo. Geralmente pessoas com o ego gigante tem tendência a não se entregar ao outro completamente. O que você precisa é dar um tempo nos relacionamentos sérios, deixe de ser apaixonado em série e aprenda a reconhecer o verdadeiro amor.

Agora, se seu caso foi pé na bunda, sinto muito. Amiga, todas estivemos ou estaremos no mesmo barco um dia. Você pode ler aqui no blog na próxima semana um texto que estou preparando com base nos hilários livros de auto-ajuda, saído diretamente da pesquisa pra minha nova peça voltada exclusivamente para mulheres, sobre como sobreviver a um fora. Mas enquanto o texto não sai, adianto algo: saia com as amigas, não se entregue totalmente ao sofrimento e tenha sempre em mente que dias melhores virão. Comece rindo de si mesma.


  • Se seu problema for de ordem profissional...


Estar frustrado com sonhos e com o caminho que sua vida toma é comum. Muito comum. E a gente tem uma forte tendência a somatizar os problemas nesse aspecto. É quando nos sentimos mais pra baixo, é o que nos derruba mais do que qualquer coração partido, porque o fracasso profissional é visto por nós como o fracasso de quem nós somos, porque o mundo de hoje nos faz acreditar que somos o que fazemos. O que eu digo sobre isso?

Esse foi o maior monstro que já enfrentei, a frustração profissional. Luto com ela todos os dias da minha vida. Algumas batalhas eu venço, muitas eu perco, mas acho que o mais importante é aprender com os erros e ter em mente que realmente não se pode ganhar todas. Especialmente quando somos artistas. Mas o verdadeiro sucesso não está em chegar lá, mas em saber como lutar. É o caminho que traçamos que nos diz se somos bem sucedidos ou grandes fracassados. E até os maiores fracassos podem ser visto como um sucesso quando nos distanciamos e analisamos a jornada, o que aprendemos com ela e o quanto evoluímos. VOCÊ NÃO É O QUE VOCÊ FAZ, o que você faz é parte de você, mas não é você como um todo, você é muito mais do que isso.

Tenha em mente que nunca é tarde pra recomeçar. Que não importa quantas vezes você caia, sempre vai ter força pra montar novamente no cavalo, as vezes só precisa de um pouco mais de tempo, outras vezes de um cavalo novo. Aprenda a lidar com as frustrações do dia a dia com humor. NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS, mesmo que eles estejam em stand by, saiba que o TEMPO NÃO ESTÁ CONTRA VOCÊ embora pareça que isso seja verdade. Novamente o lema dos alcoólatras nos ajuda aqui, um dia de cada vez sempre. (E agora, você que conseguiu ler até aqui está se perguntando se eu sou uma alcoólatra.)

O que nos leva a última e mais importante lição:

Lição número 4: ACREDITE EM SI MESMO

Sim meus amores, serei piegas e darei o conselho mais farofa do mundo: acredite em si mesmo, construa uma fé inabalável no seu ser e tudo vai parecer mais simples.

Fácil? Nenhum pouco! O mundo todo grita FRACASSO na sua direção o tempo todo. Quando você está no fundo do poço então, essa palavra ecoa na sua mente o tempo todo.

Mas sério, se você fosse um fracassado tão grande, tem certeza que teria chego tão longe pra cair do cavalo e não conseguir levantar? Chute o cavalo e siga a pé se for preciso, mas o que quer que faça, encontre meios pra se manter no controle, se afaste, chore, mas lembre de sorrir no final.

Sempre que eu ultrapasso o fundo do poço lembro de uma música cantada pela Charlot naquele filme bem antigo, "A Menina e o Porquinho" (Charlot´s Web), não a versão com a Dakota Fenning, a versão em desenho. A letra da música é a seguinte: "Cabeça erguida, tudo tudo você pode conseguir, sempre alegre, nunca se deixe abater, hoje é um novo dia, cheio de alegrias, basta desfrutar do prazer." Juro que fica bem melhor com a aranha cantando.

Semana que vem começamos a série "Vai Encarar?", com relatos de histórias de romances e fracassos que venho colecionando há alguns meses  para escrever minha peça e que estarão disponíveis em forma de crônica aqui, como era o objetivo inicial do blog.