quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Feminista e Feminina: Batom, salto alto, Sex and The City e... Queimando Sutiãs

"Amélia não tinha a menor vaidade... Amélia que era mulher de verdade"

Há muito tempo quero escrever um texto sobre o feminismo e ao acordar na manhã de 15 de setembro de 2010 (tudo que eu mais queria era ficar na cama) o Twitter trouxe uma ótima oportunidade pra minha carreira em um daqueles mini links e... A razão de escrever esse texto. A vergonha. A revolta contida, que foi compartilhada por uma outra blogueira que apresentou a nós o texto publicado na Folha de SP pelo senhor Luís Felipe Pondé, machista assumido e que decidiu atacar de vez às mulheres. E mais, algo que eu não esperava mesmo porque sou super fã do Arnaldo Jabor e dei unfollow no indivíduo quando ele disse que toda mulher tinha complexo de Madame Bovary. E esse é o homem que escreveu "Eu Sei Que Vou Te Amar"... Um texto que fala sobre a libertação feminina e que deu a Fernanda Torres a Palma de Ouro em Cannes.

Minha mãe biológica (digo isso porque tenho outras duas mães queridas que compartilham da visão dela), uma feminista linda, educada e bem casada, que sempre me cuidou com amor e carinho, assim como galgou espaço na sua carreira, me ensinou que eu deveria ser INDEPENDENTE, procurar construir minha vida por MIM, procurar me apegar a SONHOS ALTOS, escolher uma CARREIRA e principalmente NÃO DEPENDER DE ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, homem ou mulher, especialmente, NÃO DEPENDER DE UM MARIDO, mesmo ela tendo um. Ao mesmo tempo que me ensinou o VALOR DA MATERNIDADE,  me mostrou na pele que É POSSÍVEL conciliar CARREIRA e FAMÍLIA sim. e ser EXTREMAMENTE FELIZ. E eu me considero a pessoa mais amada desse mundo. Por minha mãe e meu pai, que de eunuco sem opinião não tem nada, pelo contrário, é um gênio da música, leonino cheio do querer e alguém que convive conosco há 26 anos sob o mesmo teto. Assim como ambos me incentivaram desde criança a cuidar de mim mesma sempre. Desenvolvi um gosto por MODA, não passo uma semana sem fazer as unhas ou sobrancelhas, fui MODELO, sou ATRIZ, uso maquiagem todos os dias e adoro arrumar o cabelo e comprar sapatos como toda mulher que se preze. Mas faço tudo isso para o MEU PRÓPRIO BEM E SATISFAÇÃO e não porque pense em SEDUZIR um homem. Aliás, até pouco tempo atrás quem não via serventia para o sexo masculino (ao contrário do que colocou o senhor Pondé em seu texto que pode ser encontrado abaixo) além da reprodução era eu. (Meninos, antes de pararem de ler por aqui achando que eu sou uma louca feminista radical, mulhomem do caramba, saibam que hoje penso diferente, homens e mulheres estão no MESMO PATAMAR, são iguais e ambos tem seus valores.) Abandonei essa visão mediocre de guerra dos sexos sem sentido quando conheci homens maravilhosos, inteligentissímos e extremamente compreensivos com o lado feminino independente que sempre procurei expressar. Tendo dito tudo isso, vamos retomar o tópico que importa: MINHA INDIGNAÇÃO COM O TEXTO PUBLICADO NA FOLHA.

Em pleno século XXI encontramos um homem que ainda acha que as mulheres foram feitas apenas para a reprodução. E não servem para nada mais. E pior, que TODAS as feministas são extremamente radicais como no tempo do avô dele (?) ou seria do pai? Os ateus que me desculpem mas pelo amor de Deus.! Acreditar que o sonho de toda mulher é ser capaxo do marido e viver as custas do mesmo, embuxando a cada nove meses, é muita, mas muita, ignorância. Só por que somos mulheres e temos a capacidade de reproduzir não quer dizer que não possamos escolher a hora e com quem. Por sorte temos meios pra isso que vão além da abstinência e ainda fazem o favor (?) de ferir a igreja católica. (agora peço desculpas aos católicos, mas não resisti... a piada estava pronta).

O senhor Pondé me parece um homem culto, inteligente e realmente espero que esse texto tenha sido apenas uma brincadeira de mau gosto, algo pra tentar (e conseguir) irritar um pouco pessoas que como eu ainda não engolem a frase do Vinícius "as feias que me desculpem, mas beleza é fundamental". Beleza interior, sim. Mas quando você alcança a beleza interior, seu exterior floresce e não importa o que aconteça, você será sim uma mulher bonita. Mesmo que seu nariz seja desproporcional. Ou que sua barriga esteja um pouquinho saliente.

Na minha opinião a mulher que mudou a cara do feminismo não é perfeita mas é linda,  porque seu interior brilha, e essa foi Sara Jessica Parker com seu papel em Sex and The City, Carrie, uma jornalista inteligentíssima que na busca pelo verdadeiro amor percebe que quer muito mais do que simplesmente um homem, quer o pacote completo e isso inclui sua carreira e seu estilo de vida livre, mesmo junto do Mr. Big.

No fundo o que todas nós mulheres queremos é ser aceitas como realmente somos. Não importa se no fundo o que nos mova seja a paixão pelo trabalho ou em constituir uma família. Desde que isso seja aceito por quem compartilha da nossa jornada nesse mundo. Rapazes, não custa fazer um esforço pra entender que por muitos anos fomos estigmadas e que as feridas deixadas as vezes trazem a tona um lado meio agressivo. Porém são feridas cicatrizadas, não queremos eunucos. Queremos romance, compreensão, companheirismo, incentivo, assim como a maioria de nós os incentiva em suas carreiras, a perseguir seus sonhos. Nós também sonhamos. Nós também queremos uma chance de tentar.

Isso me lembrou uma cena do filme água-com-açúcar "Sweet Home Alabama", quando a personagem da Reese Witerspoon confessa que ficou aliviada ao perder o bebê e o ex-marido diz que pra ele ter um filho seria uma aventura, só não havia percebido que aquela seria a última aventura da vida dela porque eles ainda eram muito jovens. Temos nosso tempo. Não seremos empresárias pra sempre. Ou sonhadoras, ou militantes. Vamos nos acalmar, o fato de adiar a maternidade e o casamento não quer dizer que isso NUNCA vai acontecer, então por que não aproveitar o momento? Por que não aproveitar essa liberdade de sonhar e construir um futuro primeiro nas suas mentes?

Agora minha segunda indignação: COMO A FOLHA PUBLICA UM TEXTO CONTRADITÓRIO DESSES??? Eu sei, liberdade de expressão, blá blá blá... Mas gente, informações deveriam ser jogadas de ambos os lados em um texto jornalístico. Se ele acha que mulher vai disputar Prestobarba com ele, então... Ofereça cera quente. Jornalistas deveriam ter um compromisso com a verdade e a verdade é que nem toda feminista é feia. E minha resposta a esse senhor que escreveu esse texto? Querido, se está tão insatisfeito assim com a mulher moderna a ponto de generalizar tudo como se fossemos macacas pouco evoluídas em busca de uma guerra há muito perdida eu digo: encontre pra você um bom metrossexual e homossexual. Assim o senhor com certeza se realizará melhor e se relacionará melhor com seu parceiro. Já que ele é exatamente o ser pensante e 'hair free" que o senhor está procurando. ( sem ofensa aos homos ou metrossexuais porque aguentar um homem como esse deve ser bem difícil... mas como tem mulher que aguenta, deve ter algum que esteja disposto).

Aqui abaixo está colado o texto do excelentíssimo senhor Luis Felipe Pondé, caso queiram ler.

Restos à janela
“Sou um tanto maníaco por detalhes. Às vezes, me pego pensando em Walter Benjamin, o grande pensador judeu alemão que se suicidou durante a Segunda Guerra Mundial, e entendo sua obsessão pelos detalhes do mundo.

A matéria de que é feita a consciência muitas vezes se encontra nos detalhes, principalmente nos restos do mundo, restos ridículos de um mundo em clara agonia. Hoje vou dar um exemplo de como uma migalha do mundo pode ser representativa do nosso ridículo.
O detalhe ridículo de hoje se refere a um novo movimento de conscientização que nasce. Vejamos.

O que haveria de errado em mulheres que querem atrair os homens e por isso se fazem bonitas? Macacas atraem macacos, aves fêmeas atraem aves machos.

Mas parece haver umas pessoas por aí que acham que legal é ser feia. É, caro leitor, se prepare para a nova onda feminista: mulheres peludas. Para essas neopeludas que não se depilam ter pelos significa ser consciente dos seus direitos.

Quais seriam esses "direitos"? De ser feia? De parecer com homens e disputar o Prestobarba de manhã? Antes, um reparo: "direitos" hoje é uma expressão que serve para tudo. Piolhos terão direitos, rúculas terão direitos, ratos já têm direitos. Temo que apenas os machos brancos heterossexuais não tenham direitos.

Pensou? Machista! Desejou? Machista! Deu um presente? Machista! Se você aceitar ser eunuco, obediente, desdentado e, antes de tudo, temer a fúria das mal-amadas, aí você será superlegal. De repente, elas exigirão uma sociedade onde todos terão seu Prestobarba. Cuidado ao passar a mão nas pernas delas porque será como mexer nas suas próprias pernas.

Estou numa fase preocupado em ajudar o leitor a formar um repertório que escape do blá-blá-blá mais frequente por aí. Por isso, nas últimas semanas, tenho indicado leituras. Proponho hoje a leitura de "Feminist Fantasies" (fantasias feministas), de Phyllis Schlafly, cujo prefácio é assinado por Ann Coulter, a loira antifeminista que irrita a esquerdinha obamista, antes de tudo, porque é linda, com certeza.

Para piorar, Ann Coulter é inteligente e articulada. Mas, em se tratando de mulher, é antes de tudo a inveja pela beleza da outra que move o mundo a sua volta.

Dirão as ideólogas do "eunuco como modelo de homem" que a culpa é nossa (masculina) porque as mulheres querem nos seduzir e, aí, elas se batem na arena da sedução. Mas, se elas não quiserem nos seduzir, qual seria o destino de nossa espécie? Para que elas "serviriam"? Deveriam elas (as que querem ser bonitas para nós homens) ser condenadas porque são normais?

O primeiro artigo deste livro é já uma pérola de provocação: "All I Want Is a Husband" (tudo o que quero é um marido).

Contra a "política do ódio ao macho", nossa polemista afirma que a maioria das mulheres, sim, quer, antes de tudo, amor e lar.

Quando elas se lançam na busca do amor e sucesso profissional em "quantidades iguais", mergulham numa escolha infernal (a autora desenvolve a questão nos ensaios seguintes) que marca a desorientação contemporânea. O importante, antes de tudo, é não mentirmos sobre isso e iluminarmos a agonia da vida feminina quando submetida à "política do ódio ao macho".

A vida amorosa nunca foi feliz. E nunca será. Mas a mentira da "emancipação feminina" é não reconhecer que ela criou novas formas de vida para a mulher em troca de novas formas de agonia.

Diz um amigo meu que, pouco a pouco, as mulheres se tornam obsoletas. Por que não haveria mais razão para investir nelas?

Conversando sobre esses medos com alunos e alunas entre 19 e 21 anos, percebi que muito da "obsolescência da mulher" é consequência de três queixas masculinas básicas: 1. Elas são carreiristas; 2. Não valorizam a maternidade; 3. Não cuidam da vida cotidiana da família. Associando-se a este "tripé", o fato que elas começam a ganhar bem, nem um "jantar" é preciso pagar para levá-las à cama. Resultado: a facilidade no sexo de hoje é a solidão de amanhã.

Mergulhadas em suas exigências infinitas, morrem à janela, contabilizando as horas, contemplando o próprio reflexo.”
Fica aqui minha resposta, até semana que vem!

3 comentários:

  1. gostei do post :)
    ee eu tive que ri da comparação desse cara,e mais ainda,da parte pra ele ir procurar um metrossexual e homossexual! provavelmente é isso que ele procura! HASUSHDAS

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  2. Podemos ser feminiastas sem deixar de ser femininas, podemos ser competentes sem deixar o batom de lado, podemos estar com um homem sem ser submissas, ao lado, nunca atrás. Mas infelizmente ainda existem pessoas retrógradas que pensam que mulher serve pra ser procriadora, parideira...

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  3. Resposta ao texto de Luiz Pondé "Restos à Janela" publicado na Folha de São Paulo (13/09- Ilustrada).


    PENTELHANDO Luiz Felipe Pondé em 4 passos. Participe!

    http://neopelucias.wordpress.com/

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