terça-feira, 28 de dezembro de 2010

2010: tem alguma morfina aí?

Essa é a última semana do ano. E essas são as últimas palavras que eu escrevo... Pelo menos por um tempo.  Colocar fim a alguma coisa é sempre doloroso e ouso dizer um pouco traumático, você olha ao redor e tudo, absolutamente tudo, te lembra de cada momento bom ou ruim, cada segundo gasto, cada batalha travada, cada momento perdido pra sempre nas lembranças que ficam. Você sobrevive a tudo, mães sobrevivem a perda de filhos, homens e mulheres a corações partidos, até há quem sobreviva a doenças em fase terminal. E a maioria de nós sobreviveu a 2010. 

E com o fim de um ciclo chegam as reflexões. O que você aprendeu? O que você planejou? O que você realizou? Pensando nisso concluo:

* Areia movediça afunda. Tome cuidado onde pisa sempre.

* Você está sozinho mesmo em uma sala cheia de gente, mas apoio é muito importante e você recebe a compreensão e o afeto que realmente precisa das mãos mais inusitadas.

* Toda dor é suportável, mas nem toda dor passa, algumas apenas diminuem, o que pode quase equivaler a passar.

* Fantasmas existem, eles podem não estar no seu armário, mas volta e meia podem mudar sua vida.

* Sua cama e seu quarto são tão sagrados quanto sua escova de dentes, mas as vezes esquecemos isso.

* Oasis pode ser uma banda britânica, mas ainda não me convence totalmente.

* Os bons morrem primeiro. Portanto, um pingo de maldade não vai te fazer tão mal. Aliás, 99,9% das pessoas são ruins, porque você quer ser 00,1% da população? Só pra não ser igual a todo mundo?

* A idade cronológica não equivale a sua idade verdadeira, essa a experiência é quem vai ditar.

* Palavras jogadas ao vento podem parar em qualquer lugar.

* Diga o que pensa, mas não seja tão escravo das suas palavras.

* Se machuque pra aprender a se cuidar. Mas se machuque apenas uma vez. Feridas de guerra te fazem lembrar do quanto você passou para chegar até aqui.

* NUNCA faça uma tatuagem onde pode ver o tempo todo.

* Acredite que pode.

* Toda escolha tem uma conseqüência e você vai ter que conviver com ela, não importa o que aconteça.

* Não pense que cometeu erros, apenas aprendeu pelo caminho torto.

* Agradeça sempre, até as coisas mais ruins que te acontecem tem uma razão de ser.

* Tenha na bolsa uma cópia do "He is not that into you".

* Viva como se fosse morrer amanhã e aprenda como se fosse viver para sempre. (essa eu roubei...)

Em uma semana eu não serei a mesma, nem você que esta lendo isso.  Em seis meses também não seremos os mesmos. Mas se for para pensar em alguma coisa pense nessa última lição, viva, acredite, sonhe, não desista e não sofra com o que não pode controlar. A vida é assim, como uma montanha russa, é assustador, emocionante e pode ser extremamente divertida se soubermos levantar os braços, encher os pulmões e aproveitar a vista até mesmo quando o medo nos paralisa.


Feliz 2011 pra todo mundo, até pra quem não chegou ao fim de 2010, muita luz.








segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

I'm going thought changes...

Neste exato momento em que escrevo este post estou sentada na minha sacada, ouvindo Jack Jonhson e olhando pra segunda lua mais linda que eu já vi em toda a minha vida (a mais bonita foi em novembro de 1999 em Quedas do Iguaçu). Por coincidência também falando com a pessoa com quem falei naquela noite e por acaso ele também estava longe.

Eu já disse antes que o passado parece sempre cor-de-rosa. Mas as vezes ele realmente era. Quando você pensa na inocência de um momento que ficou pra trás, em sonhos que não tem tempo pra realizar mas que pareciam estar ao alcanço das mãos. Crescer e amadurecer têm seu preço e nossa vida é feita do resultado das escolhas que fazemos. Eu mesma já fiz escolhas bem ruins, mas não posso dizer que me arrependo delas. Claro que tenho problemas em aceitar algumas que eu sei com certeza que vão gerar um karma bem pesado, mas não me arrependo de nada, porque se não fosse por isso eu não seria quem eu sou hoje, seria outra Priscylla, teria outras pessoas ao meu redor.

Somos o que pensamos, o que imaginamos, o que desejamos e tudo é possível. Algumas decisões na vida são extremamente difíceis de se tomar. Fazer a coisa certa as vezes exige mais do que um sacrifício pessoal, exige um sacrifício da alma e as vezes nem é um sacrifício da sua alma. A boa notícia é que a alma renasce, mesmo com as cicatrizes. Ela se recupera. Culpa? Sim, sentimos culpa, sentimos medo, sentimos remorso. Mas vale a pena estragar 3, 4, 5 (...) vidas em nome de uma? Você sacrificaria seu futuro por algo incerto? São todas perguntas difíceis e eu diria sem resposta... O que me leva ao post de hoje: APRENDER A VIVER COM AS CONSEQÜÊNCIAS.

Decisões difíceis tem um peso maior na nossa vida, mas a verdade é que não adianta chorar sobre leite derramado. Seguir em frente é a resposta. As vezes você deseja encontrar alguém que possa te dizer o que fazer, mas a verdade é que você é forte o suficiente pra vencer qualquer preconceito, qualquer desafio e decidir por si mesmo. E qualquer que seja sua decisão terá conseqüências.  Viver com essas conseqüências é descobrir como realmente se aceitar e viver.

Então, pare de se julgar nesse exato momento. Pare de pensar no que passou ou no que está por vir. Aceite a dádiva que lhe foi dada, mesmo que por um breve período. Sonhe e seja feliz enquanto você pode. Outros momentos felizes virão depois da tempestade.

Um grande filósofo um dia disse que coragem não é não ter medo, mas enfrentar o medo. Enfrente seus medos, saiba que não há fardo pesado demais que você não possa carregar. E não há momento errado. As coisas simplesmente acontecem quando tem que acontecer. Como a lua.

Só pra não perder o costume, uma letra e um link do Rock Kills Kid



Link pra ouvir a música no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=a9Uzzyi5mXc


Are You Nervous

Você está nervoso

Now you know that it's all your faultAgora você sabe que a culpa é toda sua
How are you doing with it?Como você está fazendo com ele?
Hey, are you nervous?Ei, você está nervoso?
Everything that you've ever known will go up in flamesTudo o que você já conheceu vai subir em chamas
Tell me, are you nervous?Diga-me, você está nervoso?
And the sky will fall down on you and the world still turns around, round, round.E o céu vai cair sobre você eo mundo ainda gira em volta, volta, volta.
And the sky will fall down on you as your life goes on down, down, down.E o céu vai cair sobre você como sua vida vai descendo, descendo, descendo.
Everything that you've ever done will come back to hauntTudo o que você já fez vai voltar a assombrar
Tell me, are you nervous?Diga-me, você está nervoso?
Now you know that it is for sureAgora você sabe que é com certeza
How are you taking it?Como você está tomando?
Do you deserve this?Você merece isso?
And the sky will fall down on you and the world still turns around, round, roundE o céu vai cair sobre você eo mundo ainda gira em volta, volta, volta
And the sky will fall down on you and your life goes on down, down, downE o céu vai cair sobre você e sua vida vai para baixo, baixo, baixo

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sobre recomeços...

16/12/2010
É engraçado como a nossa vida imita a arte. A minha, pelo menos, quando eu menos percebo, parece ser um roteiro escrito por... bem, por mim mesma. 

Hoje digo adeus ao "11 Dias". Talvez isso esteja me movendo ou tenha me movido essa manhã.  Ele nasceu no dia 16 de junho de 2010. O Brasil ainda não tinha perdido a Copa do Mundo pra Holanda e eu era uma pessoa completamente diferente. É aqui que realidade e ficção se encontraram na manhã de hoje.

Como minha personagem, Monica, foi levada ao topo de um prédio pela força do acaso, eu fui levada pelo Fabiano (e o acaso) ao lugar onde comecei a escrever essa história. Eu permaneci na garoa gelada olhando para a paisagem, absorvendo tudo que aconteceu nos últimos seis meses, as pessoas que cruzaram meu caminho, as pessoas que disseram adeus para sempre, os momentos que eu perdi por pensar tanto no amanhã e não viver o momento. Então, as 12 horas e 47 minutos do dia 16 de dezembro de 2010 eu aprendi a maior lição de todas: isso também vai passar.

Passamos pela vida tentando encontrar sinais, significados, nos preocupando com o futuro, sofrendo com o passado, em vez de viver o momento e sem se dar conta da maior verdade de todas: o momento passa. O momento SEMPRE passa. A boa notícia? Outro momento vem. Não vai ser o mesmo, não vai ter o mesmo gosto, não vai envolver as mesmas pessoas, mas você está vivo, certo?


Hoje entendi pra que servem os funerais. Eu nunca acreditei no fim da vida com a morte, sempre achei que continuasse do outro lado, sempre acreditei que a vida é eterna, portanto, funerais eram inúteis ao meu ver. Mas percebi que como na cena final de um roteiro, nós humanos procuramos um significado maior nas coisas, um momento de redenção antes do grand finale. Ansiamos tanto por isso quando o segredo é simplesmente deixar estar. Funerais nos ensinam isso. A despedida, a familiaridade do momento, o respeito, isso nos liberta de alguma forma porque sentimos que acabou e nós ganhamos força pra recomeçar. Afinal, morremos um pouco todo dia, pra renascer no dia seguinte, certo? 

16/06/2010
Por que não fazer desse renascimento o renascimento da nossa alma e abraçar essa vida nova, essa nova oportunidade, como se você realmente tivesse recebido a noticia de que vai viver. Encontre um lugar pra fazer seu próprio funeral, jogue tudo fora, viva. Vale a pena.







Pra terminar, leia isso:


Oportunidade
Pete Murray

E assim se vai mais um dia solitário
Você está economizando tempo mas está a milhas longe
Sua mosca estava se afogando em algum chá amargo
Por ter visto uma oportunidade perdida

Encontre seu espelho, vá e olhe para dentro
E veja o talento que você sempre esconde
Não engane a si mesmo, não hoje
A satisfação não está tão longe

Aguente firme agora, sua saída está aqui
Está esperando só por você
Não hesite por muito tempo
Está desaparecendo agora
Está tudo acabando muito rápido, você verá

Logo você verá

Seu café está quente, mas seu leite está azedo
A vida é curta mas você está aqui para florescer
Sonhe você mesmo ao longo de outro dia
Nunca deixe escapar uma oportunidade

Não tenha medo do que você não pode ver
O seu único medo é a possibilidade
Nunca se pergunte que diabos deu errado
Sua segunda chance pode nunca vir

Aguente firme agora, sua saída está aqui
Está esperando só por você
Não hesite por muito tempo
Está desaparecendo agora
Está tudo acabando muito rápido, você verá

Logo você verá


(And so it goes another lonely day/Your savin time but your miles away/Your fly was drownin in some bitter tea
For seeing lost opportunity // Find your mirror go and look inside / And see the talent you always hide/ Don't go kidd yourself well not today/Satisfaction's not to far away // Hold on now your exits here/ It's waiting just for you/Don't pause too long/It's fading now/It's ending all too soon you'll see //Soon you'll see// Your coffee's warm but your milk is sour/Life is short but you're here to flower/Dream yourself along another day/Never miss opportunity // Don't be scared of what you cannot see/Your only fear is possibility/Never wonder what the hell went wrong/Your second chance may never come along/Hold on now your exits here/It's waiting just for you/Don't pause too long/It's fading now/It's ending all too soon you'll see/Soon you'll see)








sábado, 11 de dezembro de 2010

Se a vida é uma viagem, aproveite a vista!

Hoje eu gravei minhas últimas cenas do "11 Dias" com o Ibrahim Mansur, que interpreta o Lucas e com quem eu mais contracenava. Desde o dia 01 de novembro de 2010 trabalhamos lado a lado praticamente todo fim de semana, sem contar os ensaios, e chegar assim ao final de um ciclo sempre me enche de melancolia. Não porque não vou mais ver o Ibrahim, acho isso improvável já que somos amigos há 5 anos, o que me deixou pensativa foi o fato de ser a última vez que convivi com o Lucas, sua personagem. Pode parecer estranho mas aprendi muito com o Lucas, o que me deixará com saudades.

Por exemplo, ele me ensinou que um sorriso te faz superar qualquer coisa, dos problemas técnicos que podem surgir quando se faz um filme até aqueles momentos difíceis que nos atingem no dia a dia. Aprendi que a música pode ser sentida e que devemos sentir tudo ao nosso redor, guardar sensações, pois não importa quão ordinário seja o momento, ele é único, é seu.  Você não leva nada além das suas experiências dessa vida. Nossas vidas seriam bem mais interessantes se não pensássemos tanto, simplesmente ser capaz de viver sem se esconder atrás de uma depressão é demonstrar coragem e vontade de viver no agora. Tudo bem, eu criei a personagem no papel, você pode dizer que eu mesma me ensinei essas lições, só que pra mim o Lucas se tornou um pouco mais real ao sair do papel e facilitou minha visão.

E hoje ele tinha três últimas lições quando a câmera parou de rodar, providas pelo ator que o interpretou e emprestou sua essência pra criá-lo. 

A primeira grande lição foi inesperada e surgiu durante o almoço discutindo o futuro dos nossos projetos e do "11 Dias". Fazer a coisa certa é difícil, mas é gratificante. Nas maiores tempestades tentamos encontrar caminhos alternativos, momentos inexistentes, aliados a todo custo. Mas no final não importa o que a gente faça, uma hora ou outra vai ter que enfrentar nossos monstros pra chegar onde realmente quer. Essa jornada pode até ser bem interessante. Confusa, cheia de obstáculos, mas muito interessante e instrutiva.

A segunda foi a percepção do quanto é importante ter alguém pra te dar a mão, como o Lucas faz com a Monica no filme. Como hoje minha equipe fez por mim. Eu sempre tive pessoas ao meu redor segurando a barra. Mas hoje vi o quanto um abraço amigo, uma conversa e um desabafo podem fazer a diferença. Abrir o peito pra um amigo não é um sinal de fraqueza, pode ser assustador, mas no fim você tem alguém pra carregar o peso contigo. Alguém pra te ajudar a fazer a coisa certa.

E por último ele me ensinou a ser justa. Isso quem disse, na verdade, foi o Ibrahim, mas poderia ter vindo da personagem. Ser justo consigo mesmo, com a situação, com as pessoas ao seu redor. É mais importante agir da forma certa do que pregar a coisa certa. Ser justo significa respeitar e ser respeitado. Ser justo significa fazer sacrifícios. Ser justo significa enfrentar a estrada de cabeça erguida, não importando se você já sabe como isso vai ou deve acabar, no final, sendo justo, você fez a coisa certa.

Uma visão otimista do mundo não tem sido meu normal nos últimos dias. Mas estar fechando esse ciclo me tirou das sombras e me sinto extremamente bem! Espero mesmo que uma vez que o "11 Dias" esteja pronto alguém possa aprender com a obra o que estou aprendendo com o processo. Se esse fosse meu último filme eu estaria satisfeita, mesmo que no fim as críticas sejam negativas (o que não serão! Garanto como uma boa mãe orgulhosa que o filme é bom). Minha satisfação vem de completar essa jornada que está sendo extraordinária.

Pra acompanhar o "11 Dias" basta acessar o blog de produção: http://curta11dias.blogspot.com

domingo, 5 de dezembro de 2010

Lembro-me de uma peça que fui assistir alguns anos atrás chamada "Sobre Outdoors e o Fim do Mundo", confesso que nada me marcou muito no espetáculo a não ser o fato de ter esse nome. Quando penso nessa frase, a primeira coisa que me vem a mente é como o capitalismo, a vida corrida e displicente tem nos levado para lugar algum a não ser cada vez mais perto do fundo do poço.

Caminho pelas ruas e tudo o que vejo são luzes de natal, placas de promoções e liquidações de fim de ano e pessoas abarrotadas de sacolas com a mente focada em comprar, comprar e comprar. Não sou um ser humano perfeito, pra falar a verdade eu meio que odeio essa coisa de fim de ano, natal, presente, esperanças renovadas, isso me deprime, mas ajuda algumas pessoas, então não é sobre isso que eu vou reclamar, mas não posso deixar de me indignar com toda essa grandeza quando estamos quebrando a cabeça pra diminuir o consumo de energia, quando já existe tanto lixo no mundo (e dentro das nossas casas), que não precisamos de mais bugigangas.

Eu sei que parece meio extremista. Festas de fim de ano são inevitáveis e podem até ser divertidas pra algumas pessoas, por um pequeno período de tempo, sem contar que são uma desculpa perfeita pra passar uns dias na praia, curtindo uma paz sob o sol e sob o mar (exceto se você estiver perto de um daqueles bêbados "Boas Festas"). Mas em meio a todo esse consumismo e ostentação o que eu sugiro é que a gente volte um pouco nossa atenção pra dentro do ser humano, independente de credos, só pensar um pouco em nós mesmos, na nossa essência e no próximo, não com o sentido de caridade, mas no sentido de que mundo e que lições estamos deixando aqui pra quem vier depois de nós. Será que temos que ser tão egoístas a ponto de não pensarmos no que será do mundo daqui há 30 anos?


Semana que vem tem provavelmente uma retratação, depois que eu for ao shopping pra fazer minhas compras de natal. (brincadeira =))

sábado, 4 de dezembro de 2010

Muitos parênteses

"Face your fears by writing them down and looking at them realistically."
James Van Praag, via twitter


Comecei meu dia chuvoso em Curitiba com uma chícara de café amargo, olhando pro dia nublado lá fora, depois de uma noite espetacular de 15 horas de sono. Você vai dizer "uau, como essa garota dorme!" Acreditem, até eu me surpreendi com o que algumas pílulas podem fazer. (Learn with that Ozzy Osbourne) Enfim, mas voltando ao foco deste post... A primeira coisa que eu fiz hoje foi atacar de Giggi ("He is not that into you", lembram?). Primeiro veio a paranóia, depois aquela sensação de que estou fazendo tudo errado e por ultimo a impressão de que o mundo inteiro estava contra mim. E pra terminar, fui pra Internet. (Incrível como a Internet pode ser a melhor amiga de uma mulher nessas horas) Mas em vez de ficar reclamando com algum pobre amigo (o que me lembra, Lachy, Fred e Amanda, vocês vão pro céu) eu fiz o oposto: ouvi um amigo que estava se sentindo Giggi. E foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

O caso dele era clássico, um homem, duas mulheres, um passado aparentemente cor-de-rosa, um presente confuso e um ponto de interrogação gigantesco. E foi aí que eu entendi.

Todos os dias tomamos decisões que vão nos perseguir pro resto da vida, por menores e mais simples que elas pareçam ser. Já parou pra pensar quantas vezes uma pequena decisão te livrou de algo maior? Ou se você não tivesse pego aquele caminho, jamais teria conhecido o amor da sua vida (ou o canalha que te apunhalou pelas costas). E como sempre que você está passando por uma crise existencial a segunda coisa que faz é atacar sua vida amorosa não existente, seu emprego chato e sua família incompreensiva? (a primeira, se você for mulher, é mudar seu cabelo)

A verdade é que em momentos de tempestade tentamos nos livrar da culpa que nos persegue, e para isso perseguimos as imagens do passado que nos parecem mais acolhedoras. Pensamos que o presente nos arrasta pra baixo. Bem pra baixo. E aí começamos a olhar pras pessoas ao nosso redor sem o mesmo brilho, cheias de paranóia. Começamos a fantasiar e uma palavra é o suficiente pra nos colocar pra baixo e fazer o presente ruir. Voltamos a viver no passado. Voltamos a ser impressionados por fantasmas que já nos abandonaram há muito tempo. Tememos a morte, tememos os outros, tememos a vida, tememos o agora. Criamos um monstro tão grande nas nossas cabeças e se permitirmos ele nos impedirá de seguir vivendo. E acredite, ele o fará sem dó nem piedade. Deturpará a verdade e te encherá de dúvidas e problemas.

Então o que fazer pra não naufragar com o Titanic? Dei a resposta antes de formular a pergunta: enfrente seus medos escrevendo-os e olhando para eles de maneira realista. James Van Praag.

Encarar o mundo de forma realista não significa deixar de sonhar, ser otimista o tempo inteiro e não temer nunca. Encarar o mundo de forma realista significa, bem, ver a realidade. Nua e crua. Sempre. Vai ver que depois de respirar e contar até 10 o monstro começa a diminuir. As manchas escuras do passado começam a aparecer e você começa a ver o mundo como ele realmente é: cheio de falhas e repleto de possibilidades.

Se você não tem uma vida amorosa, saia de casa. Se você odeia seu emprego, mude. Se você acha que sua família não te compreende, converse! Um homem bem sábio que eu conheci disse que não existe o que não possa ser resolvido com uma conversa. Ele está certo. Durma (15 horas se for preciso) antes de tomar uma decisão drástica. É assim que resolvemos nossos problemas, sonhando.  Mas nunca esqueça de pensar sobre o assunto antes de tomar qualquer decisão, ou vai acabar se magoando e magoando muito os outros.

Kris Carr escreveu um livro que serve pra toda e qualquer pessoa que precisa aprender a tomar decisões no meio de uma tempestade e que meio que virou um guia de ´pense bem, poderia ser pior´ pra mim. Quando sua vida estava finalmente entrando nos eixos, pelo poder do acaso e uma dessas pequenas decisões, ela descobriu que tinha câncer e basicamente ia morrer ou sofrer muito (ok, eu sei que isso tá ficando repetitivo aqui no blog, mas sou obcecada por experiências de pessoas que tiveram que enfrentar a morte de perto e sobreviveram, coisa de escritor). Leia o livro e veja o quanto costumamos fazer tempestade em copo d´água. Porque o que precisamos enfrentar geralmente é bem menor do que o que uma pessoa dessas sofreu. E venceu. Ainda vence.

Por hoje é só pessoal, sonhe, realize, pense, ame, seja, mude, deseje, sorria, não tema, não sofra, supere, descubra, conheça, esqueça, sinta, cobre, agradeça, viva.

Semana que vem tem mais.




domingo, 28 de novembro de 2010

Good bye cruel world, good bye!


"Se você for corajoso, escute o coração. Se for covarde, escute a cabeça."
Osho
Andei pensando sobre últimas palavras e o quanto elas podem significar em um filme, em um livro, na vida. Olhando a página do Twitter de um amigo que infelizmente já foi pro outro lado observei seu último twitt, congelado no tempo, há seis meses anunciando a festa a qual ele compareceria e que não tinha nada a ver com a personalidade dele. Se ele soubesse que aquela era sua última oportunidade de escrever algo, seria isso? 

"Cidadão Kane" inteiro se baseia no significado das últimas palavras de um homem. "Como num beijo, eu morro..." últimas palavras de Romeu. "Sempre teremos Paris" últimas palavras trocadas por Ilsa e Rick em Casablanca, "Baby, você vai perder aquele avião" - "Eu sei." Celine e Jesse no fim de Antes do Pôr do Sol. Teria "Romeu e Julieta" o mesmo valor se as últimas palavras de Romeu, por exemplo, fossem "merda!"?

Temos uma tendência natural a valorizar os últimos momentos, as últimas palavras, os últimos gestos justamente porque encaramos tudo como finito. É meio paradoxal quando percebemos que essas palavras foram imortalizadas porque foram as últimas.

Um grande amigo descobriu recentemente que o tempo está contra ele. Ele é jovem e aparentemente saudável, se não fosse por um câncer que o consome.  Uma vez ele me falou sobre seus sonhos, grandes sonhos, seus planos, seus medos. Era tudo tão plausível de ser realizado. Ele tem o talento, a força de vontade, e pensava que tinha uma eternidade pra fazer tudo. Ele passou tanto tempo pensando que amanhã poderia fazer, que outra chance apareceria, que quando foi pego neste pesadelo em vez de celebrar o novo dia como uma oportunidade de realizar seus sonhos, simplesmente congela pela manhã pensando que o amanhã com que ele contava possa não existir.

Um homem extremamente sábio chamado Brian Weiss diria para o meu amigo: a vida é eterna, não importa se esta existência está chegando ao fim, na próxima o tempo pode estar a seu favor. Eu acredito nestas palavras, mas também entendo a frustração e o medo do meu amigo, porque se nenhum dia é igual ao outro, nenhuma existência será como a outra. Mas também entendo que toda esta situação pode trazer uma última lição que pode ser útil não apenas para ele, mas para todos nós. Por isso escrevo estas palavras e compartilho com vocês esta vã filosofia urbana. 

Não se pode adiar a vida, não se pode protelar um momento. Se nos focarmos no agora, no presente, em cada momento da vida que é único talvez possamos diminuir o sofrimento e realizar muito mais do que sonhamos. Não é justo que a vida tenha estes desfechos, mas também não é nada justo que a gente fique se lamentando em vez de agir e aproveitar, mesmo o sofrimento precisa ser abraçado, assimilado, pra que desapareça deixando só o seu lado bom, sua lição, seja para essa ou para as próximas vidas, para você ou para o próximo.

Por isso deixo aqui um texto de Mário de Andrade que me fez pensar nessa valorização das últimas palavras e da vida em geral. Carpe DIem não é o suficiente pra expressar tudo isso.

O valioso tempo dos maduros
Mario de Andrade
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas...
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!


E pra finalizar:

"ROSEBUD"

E a busca por significado que essa palavra pode gerar. Viva as lacunas em branco. Viva o amanhã incerto. Viva esse momento, agora.



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

MEU DOCE NOVEMBRO


Take care, your worship, those things over there are not giants but windmills.
- Miguel de Cervantes

(Tome cuidado, sua devoção, aquelas  coisas ali não são gigantes mas moinhos de vento.
- Miguel de Cervantes)

O post de hoje é mais um relato otimista sobre sonhos próprios do que qualquer outra coisa, que eu espero que faça com que as pessoas reflitam sobre fé. Não a fé religiosa, mas a fé em si mesmo e no seu futuro.  

No meu meio convivo com inúmeros aspirantes a artistas, músicos, escritores, estudantes de cinema. E o que eu percebo é que temos mais facilidade em acreditar no sucesso do outro do que no nosso próprio. E eu penso que isso acaba valendo não só pra quem quer viver de arte, mas pra quem quer viver. Eu mesma costumava me subestimar muito.

A vida anda corrida com a produção do "11 Dias", mas eu não poderia estar mais feliz. Se 2010 começou como um ano ruim, comigo sendo empurrada para uma valeta em Balneário Camboriú exatamente a meia noite, novembro deu a partida para a realização de sonhos que começaram a ser plantados em 1997 quando fiz minha primeira aula de teatro pra valer em Cascavel, interior do Paraná. Naquela época eu fazia 110 km três vezes por semana pra assistir essas aulas e não tinha uma falta porque aos 14 anos é mais fácil acreditar que você vai conseguir. Você tem tanto tempo, tanta energia.

Mas durante esses anos todos minha fé foi abalada inúmeras vezes. Pensei em ser designer (cheguei a terminar a faculdade), médica (seis meses de cursinho e dois vestibulares), professora de inglês, professora de francês... chefe de cozinha. Mas meu coração sempre me apontou pro caminho que eu considerava o mais difícil. E eu só considerava o mais dificil porque eu me deixava conectar pelos aspectos negativos de seguir um sonho. 

Olhando pra trás percebo que o que realmente nos move são os sonhos. Olhando pra frente percebo que sonhos podem se tornar realidade, basta não perder a fé. É muito fácil falhar como designer e continuar na profissão quando no fundo tudo o que você quer é subir em um palco, estar atrás ou na frente de uma câmera, passar os dias escrevendo. Mas falhar como atriz, como diretora, roteirista, isso sim dói, isso sim abala, isso sim me fez pensar em desistir mais de uma vez. E na maior parte das vezes eu fui levada a crer pelos outros que o caminho era árduo demais ou que eu não tinha talento, até que eu não tinha tempo.

Esse novembro me mostrou que tempo é só um estado de espírito e que tudo acontece na hora certa, a gente só tem que ter fé e paciência. E coragem. minhas vitórias tem sido pequenas, uma pontinha em um seriado aqui, um curta metragem ali, mas tudo isso é muito significativo pois está me mostrando que mesmo a passos lentos a gente chega a algum lugar.

Por isso eu digo a quem estiver lendo este post, não desista. Seja de fazer o vestibular, seja de mudar de carreira depois dos 30 porque você está infeliz, seja viver. Sempre há uma solução, uma luz no fim do túnel. Faça com que os "nãos" te fortaleçam, por mais que doa e te puxe pra baixo, todo ser humano tem a capacidade de escalar de volta e todo ser humano tem a habilidade de ser feliz e realizado.

Por fim quero agradecer a todas as pessoas que me ajudaram a acreditar nessas palavras. Especialmente a Kaká Hilgert por ter me indicado pro teste do "Clandestinos" e minha mãe por ter me levado até o Rio de Janeiro e aguentado na fila comigo. Também preciso mencionar as pessoas que estão me ajudando com a produção do "11 Dias", os atores, a equipe e os figurantes (nomes que você encontra no blog de produção curta11dias.blogspot.com).

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Eu fiz Enem e sobrevivi!

Hoje eu estava pensando sobre as muitas injustiças do mundo... Eu jurei pra mim mesma que não iria criticar o ocorrido, mas...

No fim de semana estudantes de todo o Brasil entraram nas salas de aulas prontos para fazer a prova do Enem, necessária para ingressar nas melhores universidades federais hoje em dia no Brasil, e eu estava entre eles. Diferente da maioria eu me preparei somente durante seis meses, os seis meses em que considerei mudar de carreira, e esse fim de semana foi apenas um resquício desse passado recente. Porém muita gente ali investiu tempo, dinheiro e força pra fazer um bom trabalho. Essas pessoas levaram o teste a sério e é uma pena (e uma vergonha) que os elaboradores não tenham levado essas pessoas a sério. Porque realmente não levaram.

Eu não tenho mais interesse de ingressar em uma universidade a não ser que seja pra concluir um mestrado, fui fazer a prova meramente pra incentivar meus primos que ainda estão em fase de estudos e porque eu já tinha feito a inscrição quando pensava em cursar medicina, portanto não estou olhando para o exame me sentindo injustiçada porque acho que fui mal. Pelo contrário, a meu ver a prova estava até bem básica. Mas penso em quem estudou o ano todo e na hora H encontrou o gabarito invertido, questões faltando na prova amarela e um grande descaso por parte da organização. Descaso e despreparo.

Na sala em que eu prestei a prova nos informaram que deveríamos ignorar a inversão dos índices do gabarito. Já na sala em que meus primos prestaram a prova foram informados para inverter as respostas. Qual era a maneira certa de preencher o gabarito? Até agora nenhum de nós descobriu. Mas o que mais me deixou indignada foram as respostas do ministério da Educação no twitter. Entre elas esta:

 ACS MEC 

Alunos q já "dançaram" no Enem tentam tumultuar com msgs nas redes sociais. Estão sendo monitorados e acompanhados. Inep pode processá-los.


E...
 ACS MEC 

"Relatos de má orientação sobre troca de cabeçalhos foram poucos. Pág. do requerimento p/ correção invertida vai ao ar na 4ª feira" 


(WTF??? TODO MUNDO COM QUEM EU CONVERSO RECLAMA QUE ESTAVA MAIS PERDIDO DO QUE CEGO EM TIROTEIO, PRA NÃO DIZER COISA PIOR)

E...
 ACS MEC 

Reitores declaram apoio ao Enem e veem no exame a forma mais adequada de seleção 


Pelo amor de Buddha! Dizer que o Enem é a forma mais adequada de seleção para um aluno ingressar na universidade é a mesma coisa que dizer que um arquiteto está apto a realizar uma remoção de fígado! 

Pra começar eu comparo a realização do teste a uma prova de resistência do Big Brother, algo parecido com tortura. Não porque fosse difícil, mas por causa das condições em que ela foi aplicada. A primeira coisa que me incomodou, e incomodou muita gente, foi o fato de perder a noção do tempo. Sim, perdemos a noção do tempo porque na sala não havia sequer um relógio e ao contrário de TODOS os vestibulares que eu prestei nos meus 26 aninhos de vida (a proposito, com excessão do primeiro vestibular que prestei em 2001, fui aprovada em todos os outros, não falo isso pra vontar vantagem, só pra mostrar que não estou reclamando porque não estudo o suficiente) os fiscais não anotavam o horário no quadro de tempos em tempos. Ah, e relógios são expressamente proibidos, até aquele modelinho básico de ponteiros como o do Robert Langdom. A segunda coisa foi o falatório. No primeiro dia de prova os fiscais não paravam de invadir a sala e dar um recado repetido sobre os cabeçalhos trocados, as provas amarelas... Quando você pensava que poderia começar a se concentrar na prova... Bang! Alguém entrava e repetia a mesma ladainha de "aproveitem a prova ao máximo, respondam tudo o que puderem, alguém vai fazer alguma coisa a respeito dos erros...". Ou será que eles achavam que alguém ia ser idiota a ponto de deixar a prova em branco por causa de um erro de impressão?

Minha opinião sobre o assunto? Abolir o Enem. 

Antes que alguém me atire 4 pedras eu explico! Ter um único vestibular pode até ser uma utopia bem interessante mas é desleal, injusto. Não só porque a instituição que elabora as provas ou a gráfica ou quem quer que seja cometa erros, mas porque seres humanos infelizmente são movidos por sentimentos negativos mais frequentemente do que por sentimentos positivos. Infelizmente aquela propaganda de cigarros da década de 70 que alguém dizia que queria levar vantagem em tudo fez tanto sucesso que ainda faz parte da mentalidade brasileira. Ou você realmente acha que o conteúdo dessas provas não vazaram nos recantos mais longínquos deste planeta? Eu não estou dizendo que isso não possa acontecer em um vestibular de uma instituição qualquer. Pode. Mas controlar 3 mil inscritos é bem mais fácil do que controlar os estudantes de um país inteiro. Até hoje eu não entendo porque mexer em um time que estava ganhando.

Uma prova única significa uma só chance de ingressar na universidade, enquanto que se cada universidade elaborar sua própria prova, são mais chances de cursar um curso superior, porque vamos falar a verdade sem hipocrisia, todos já passamos por isso, sabemos que aos 18 anos a vida não é exatamente um mar de flores e temos a tendência a ter mais dias ruins do que bons. E fazer vestibular em um dia ruim é perder a batalha na certa. Se é pra abolir o vestibular, então que seja abolido por completo. Que cada instituição crie suas próprias regras. Porque criar o Enem foi simplesmente criar mais um motivo pra confusão, estresse, desentendimento e pressão.

Eu fiz o Enem e sobrevivi, mas será que o Enem sobrevive há tantas críticas e descaso?


***

Noticias de última hora...

Nosso respeitável presidente defendeu o Enem em Moçambique e no link a matéria completa. (SOMOS PALHAÇOS???)
http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/na-africa-lula-volta-a-defender-manutencao-do-enem

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Saudades da copa do mundo...

Eu quero muito acreditar que o brasileiro é responsável, que já não merece mais a fama de malandro e de quem empurra as coisas com a barriga. Quero acreditar que o brasileiro é consciente. Eu quero... Mas ao contrário da filosofia do "o que eu quero eu vou conseguir" eu realmente não consigo.

Ontem quando as urnas começaram a ser apuradas eu suspirei aliviada porque não importa qual fosse o resultado, estaria tudo acabado. Nada mais de insultos. Nada mais de ofensas públicas. Nada mais de polêmicas fúteis que só fazem atrasar o país em vez de melhorá-lo. O horário político só voltaria daqui dois anos. Grande engano. A Dilma me tirou do chão. Não porque ela ganhou, isso já era mais do que certo, mas porque os petistas ficaram insuportaveis. Gente que nunca vai chegar perto do planalto central arrumando briga na rua e gritando "chupa tucanos" (notem que a concordância da frase é perfeita!). Isso é uma prova de que o comportamento dos políticos afeta sim o comportamento do eleitor. Ou pseudo-eleitor, já que nesse caso 30% dos brasileiros não foram as urnas em função do feriado.

Isso é preocupante. Em que tipo de país vamos viver nos próximos 4 anos? Em um país dividido pela rivalidade e sem educação? Não estou defendendo que José Serra seria uma escolha melhor, longe disso, a campanha dele foi tão dura e ofensiva quanto a da Dilma, na verdade acho que o erro começou lá no primeiro turno, mas gente isso não é um jogo de futebol que acaba em pancadaria.

De fato o Brasil só vai crescer quando aprendermos a pensar JUNTOS, isso quer dizer que independente de partidos políticos, líderes ou lados escolhidos, no fim, todo mundo quer a mesma coisa: O MELHOR PRO POVO COMO UM TODO. E eu não estou falando que isso tem que vir só dos governantes, claro que eles devem dar o exemplo e parar com os "barracos", mas nós, cidadãos brasileiros, podemos ter a decência e a educação de respeitar as escolhas do outro. RESPEITO é a palavra.

O voto é secreto, não digo em quem votei ou se votei em branco, mas digo em quem não votei, na presidente eleita. Não porque ela é petista, porque é mulher ou porque não tem experiência mas por uma simples razão: dizer que o país vai bem é ser otimista demais, em nenhum governo foram descobertos tantos casos de corrupção e tão pouco foi feito pra solucionar o problema. Quem roubou ainda está com o dinheiro, passou uns dias na cadeia e está levando a vida normalmente.  E se eu estou insatisfeita e quero que as coisas MUDEM eu não vou votar na mulher ATRÁS do homem, porque foi isso que a Dilma mostrou ser durante toda a campanha. 

Será que pior do que tá não fica? Medo...

Enfim, mas esse post não é pra discutir política, isso foi uma breve expressão dos meus sentimentos e inseguranças e se ela fizer um bom governo eu volto aqui e me retrato, não tenho medo de reconhecer que julguei mal ou estava errada. A verdadeira razão desse post é pedir que a gente reflita sobre o nosso comportamento diante de derrotas e vitórias, diante de futuras campanhas. É que a gente aprenda que se todo mundo fizer um pouquinho temos uma grande chance de construir um Brasil melhor, independente de quem está no poder, termos uma vida melhor, com a consciência tranquila e muito respeito pelo próximo. Afinal, nosso objetivo é o mesmo pregado por Dimas, Serras, Marinas... Nosso objetivo é a EVOLUÇÃO.

E é por isso que eu estou com saudades da copa do mundo, a única época em que o povo brasileiros da as mãos e torce unido por um objetivo comum. Será que a gente consegue canalizar toda essa energia pra outras áreas?

sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre "Doce Novembro", Farmville e Charlie Chapplin

Vivemos em um mundo individualista, isso é fato. Pare e pense quando foi a ultima vez que você passou um dia inteiro sem usar as palavras "eu" e "meu". Eu provavelmente nem sabia falar quando isso aconteceu. Somos dramáticos por natureza e frequentemente temos a sensação de que o Universo está contra nós. Sempre contra nós.

Ontem indo pra casa parei em um sinal e vi uma das cenas mais comoventes que alguém poderia ver. Uma menina de uns dez anos ganhou um chocolate do motorista que estava na frente e foi correndo para onde estava o irmãozinho. A mãe dela estava catando papelão. Ela pegou um pedacinho do chocolate e deixou a maior parte (a barra quase toda) pro irmão que devia ter uns três ou quatro anos. Não sei se é o excesso de remédios, a dor ou o fato de estar emocionalmente abalada, mas diante daquela cena eu percebi como os meus problemas, e na maioria das vezes o das pessoas ao meu redor, são pequenos se comparados à vida que aguarda uma criança dessas. Enquanto uma criança não tem o que comer ou o que vestir ou pais conscientes de não colocar mais filhos no mundo se for só pra sofrer, eu jogo Farmville. Eu planto comida virtual. Eu choro durante horas por uma cena de ficção executada por atores extremamente bem pagos quando coisas reais como essa acontecem todos os dias e ninguém chora por elas.

Há uma semana das eleições eu tomo consciência de que a solução pra tanta miséria, poluição, individualismo e hipocrisia não está em um Bolsa Família ou na mão de um governante supremo, está nas nossas mãos, nós, cidadãos comuns podemos fazer alguma coisa sim. Podemos começar com o simples fato de sermos gratos por termos saúde, por exemplo, diante de tanta gente morrendo em um hospital, sem condições de se tratar, às vezes presas em um caso sem solução, outras porque simplesmente não tem dinheiro. Ou sermos gratos pelo fato de termos ao lado alguém que nos ame, um teto sobre a cabeça. Enfim, se a gente parar pra pensar a gratidão é o primeiro passo pra perceber o que estamos fazendo errado. E a partir daí podemos transformar nossa utopia em ações.

Quando digo transformar em ações não é mudar o mundo se livrando de tudo o que você tem pra dar a quem não tem, porque isso não ensinaria nada a ninguém. Mas a gente pode começar com pequenas ações, como reciclar, dar a mão a um estranho quando ele precisa, separar um dia por mês pra fazer um trabalho voluntário, é tão simples visitar um orfanato em um domingo preguiçoso. E se você realmente tiver condições, porque não ensinar algo a alguém. Doar livros que estão empacados na sua prateleira. Não é de mais dinheiro que o mundo precisa, mas de ações. De pessoas conscientes que possam passar algo produtivo ao próximo.

Eu sei que agora você vai dizer que tem muita gente que se aproveita da bondade dos outros. Pois bem, eu te desafio nesse momento a mudar esse quadro. Ser bom não significa dar algo material. Aliás, o material ajuda, mas não concerta absolutamente nada. A raiz do problema está na mente de cada um de nós e só nós temos a capacidade de mudar isso.

Vou encerrar o post de hoje com uma frase otimista de Charlie Chapplin: "We all want to help one another. Human beings are like that. We want to live by each other's happiness, not by each other's misery." (Todos queremos ajudar uns aos outros. Seres humanos são assim. Queremos viver pela felicidade dos outros, não pela miséria dos outros.)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amigos e partidos políticos...

Apoio. Essa foi a palavra da semana no cenário político brasileiro, enquanto todos esperavam que Marina Silva se pronunciasse a respeito dos candidatos a presidência e isso me fez, curiosamente, pensar em um post para o blog que não tem nada a ver com política... Ou talvez tenha. Olha só:

Março de 1990, escola primária de Quedas do Iguaçu, primeiro dia de aula, turma da professora Marilda. Minha garganta doía de tanto chorar e berrar que não queria ficar naquela sala de aula cheia de pessoas estranhas e muito menos sentar em uma carteira com o crachá que dizia que meu nome era Adriana (esse infelizmente é meu primeiro nome, mas desde que nasci todo mundo me chamava de Priscylla). Minha mãe, cansada da minhas lamúrias, saiu pela porta. Eu chorava baixinho quando uma mão pequena tocou meu ombro. Virei e notei que a menina com um rabo de cavalo no lado da cabeça (coisa que eu acho estranha até hoje) também chorava.

- Meu nome é Vanessa - ela disse.
- Eu sou Priscylla - respondi.

Naquele momento nós duas nos abraçamos e começamos a chorar juntas. Até o fim da aula. E no dia seguinte repetimos a dose, assim como no outro, até nos cansarmos e começarmos a brincar com as outras crianças. Assim eu fiz minha primeira amiga, que por sinal continua sendo minha amiga até hoje. E foi através dela que conheci minha outra melhor amiga, a Ale, que estudava com a gente e de quem fui madrinha de casamento 20 anos depois. (Eu era tímida, precisava ser apresentada `as pessoas) Adivinha? Também é minha amiga...

Posso dizer que ao longo da vida conheci muitas pessoas, fui amiga de algumas, mas poucas me ensinaram tanto como minhas amigas de infância e adolescência. Com a Vanessa aprendi a ter coragem e seguir em frente nas situações mais difíceis. Ela é uma guerreira que me inspira e sempre vai me inspirar porque não perdeu a alegria de viver, nunca se fez de injustiçada, mesmo o mundo tendo tomado dela algo muito importante. Já com a Ale, a menina loirinha que comia brigadeiro e cantava parabéns ao mesmo tempo (eu tenho a foto pra provar), aprendi a acreditar que sonhos grandes podem se tornar realidade, aprendi que o fim do mundo não está tão próximo e principalmente que um amigo pode passar um ano sem te ver, se for seu amigo começamos de onde paramos sem problema algum, mesmo que o que você queira dizer seja uma loucura pro resto do mundo. 

O que eu quero realmente dizer é que muitas vezes, na hora do desânimo ou quando somos atingidos por noticias ruins, a gente para e pergunta: por que estou vivendo? Por que estou tentando sobreviver? Bem, porque você tem uma missão a cumprir e essa missão envolve as pessoas ao teu redor. Porque essas pessoas ao teu redor se importam contigo, ou não estariam ali. Porque você escolheu. Simples.

Amigos são a família que lhe permitiram escolher, mas as vezes os amigos também podem estar dentro da sua família. Como é o caso da minha priminha 6 anos mais nova, que eu descobri há pouco tempo que pode ser uma grande amiga, e apesar da pouca idade me ensinou a rir das situações. De todas elas. TODAS. (por favor, nunca nos levem a um velório juntas)

Por isso, termino esse post agradecendo a todos aqueles que já me deram apoio algum dia, em especial um certo senhor aí que tem aguentado firme e sozinho carregar um peso bem grande, quero que saibam que estou aqui e daqui não saio. Pro que der e vier.  Amigo não serve só como lembrança de senha de e-mail. Porque APOIO não é só partido político que precisa, mas nós, seres humanos, precisamos nos sentir amados e apoiados sempre que possível.

Dedico estas palavras a Sooz, a Nessa, a Ale, a Deb, a Mima, ao Edu, a Amanda, ao Lover, ao Gil, a Isa e ao Willi, sempre que precisarem meus amores.

sábado, 9 de outubro de 2010

Ele não está tão a fim de você... E Ozzy.

"If a guy wants to be with a girl he will make it happen, no matter what."
Alex
Toda mulher deveria ter em casa uma cópia do DVD do filme "Ele Não Está Tão a Fim de Você" em casa.  E da biografia do Ozzy. E não digo isso (só) porque estou em um momento meio Gigi (personagem do filme), mas porque toda mulher em um momento da vida passa por isso ou por uma das situações do filme, seja ficar obcecada em encontrar o amor, louca pra se casar porque está velha, noiada com o casamento, jurando que o homem ideal está em dez tipos diferentes de redes virtuais ou simplesmente acreditando que ele vai largar a esposa pra ficar com você só porque você se parece com a Scarlett Johassen, é instrutora de ioga e canta como um rouxinol, vai saber se ele não é casado com alguém como a Jennifer Connely?

Chick flick? Com certeza! Mas assistir esse filme de tempos em tempos faz você perceber certas verdades da vida que você já conhece, mas escolhe esquecer, e a principal é um conselho da personagem do Alex: "se ele te quiser, ele corre atrás, não importa o quanto isso custe". E aí você pára de vez de ficar tentando mudar cada homem que conhece, pára de ficar tentando ser a exceção a regra de cada um que cruza seu caminho, porque não é porque nos disseram que se um garoto puxa nosso cabelo no jardim de infância significa que ele gosta de nós é que a regra valha pro resto da vida. Não nascemos pra ser mal tratadas por homens por quem movemos o mundo se for preciso. E como eu sempre digo, se você pode morrer amanhã por que morrer amargurada por causa de um ser chamado homem.

Confesso que enquanto escrevia esse post assisti a cena em que o Alex bate na porta da Gigi umas dez vezes pra dizer: "You are MY exception." E confesso mais, eu quero ser a exceção de alguém, mas não ás custas da minha sanidade dentro do pouco tempo que tenho. Como dizia uma amiga em seus tempos de solteirice (ela foi pro outro lado, casou) "enquanto eu não encontro o homem certo, eu brinco com todos os errados". Então, Ale, eu brinco com muitos homens errados, thanks bitch! love you.

Quem nunca passou noites a fio checando quantas barrinhas tinha o sinal do celular? Ou perdeu aquela noite com os amigos pra dar um colo que não recebeu de volta? Ou simplesmente chorou até não ter mais lágrimas em um sábado a noite por ser abandonada no bar pelas amigas que saíram com estranhos (e possíveis amores da vida delas, que depois não vão acontecer e você vai ter que consola-las). Tudo bem querer ser Gigi, mas não se deixe levar por muito tempo, porque isso te tira do agora e te faz ficar meio (eu estou sendo boazinha ao dizer meio) neurótica. E só o Alex pra se apaixonar por uma neurótica.

Mas não posso ser injusta com todos os homens, não mesmo. Existem aqueles que querem fazer de você a exceção deles, mas não rola se você também não estiver preparada. Então tire um tempo pra pensar antes de mergulhar de cabeça em algo que vai machucar os dois. Nem todo homem é um canalha em reforma, mas todo canalha em reforma vai te causar um grande dano. E que esse dano não seja permanente.

E a biografia do Ozzy? É pra você rir enquanto espera pela SUA exceção.