sábado, 11 de dezembro de 2010

Se a vida é uma viagem, aproveite a vista!

Hoje eu gravei minhas últimas cenas do "11 Dias" com o Ibrahim Mansur, que interpreta o Lucas e com quem eu mais contracenava. Desde o dia 01 de novembro de 2010 trabalhamos lado a lado praticamente todo fim de semana, sem contar os ensaios, e chegar assim ao final de um ciclo sempre me enche de melancolia. Não porque não vou mais ver o Ibrahim, acho isso improvável já que somos amigos há 5 anos, o que me deixou pensativa foi o fato de ser a última vez que convivi com o Lucas, sua personagem. Pode parecer estranho mas aprendi muito com o Lucas, o que me deixará com saudades.

Por exemplo, ele me ensinou que um sorriso te faz superar qualquer coisa, dos problemas técnicos que podem surgir quando se faz um filme até aqueles momentos difíceis que nos atingem no dia a dia. Aprendi que a música pode ser sentida e que devemos sentir tudo ao nosso redor, guardar sensações, pois não importa quão ordinário seja o momento, ele é único, é seu.  Você não leva nada além das suas experiências dessa vida. Nossas vidas seriam bem mais interessantes se não pensássemos tanto, simplesmente ser capaz de viver sem se esconder atrás de uma depressão é demonstrar coragem e vontade de viver no agora. Tudo bem, eu criei a personagem no papel, você pode dizer que eu mesma me ensinei essas lições, só que pra mim o Lucas se tornou um pouco mais real ao sair do papel e facilitou minha visão.

E hoje ele tinha três últimas lições quando a câmera parou de rodar, providas pelo ator que o interpretou e emprestou sua essência pra criá-lo. 

A primeira grande lição foi inesperada e surgiu durante o almoço discutindo o futuro dos nossos projetos e do "11 Dias". Fazer a coisa certa é difícil, mas é gratificante. Nas maiores tempestades tentamos encontrar caminhos alternativos, momentos inexistentes, aliados a todo custo. Mas no final não importa o que a gente faça, uma hora ou outra vai ter que enfrentar nossos monstros pra chegar onde realmente quer. Essa jornada pode até ser bem interessante. Confusa, cheia de obstáculos, mas muito interessante e instrutiva.

A segunda foi a percepção do quanto é importante ter alguém pra te dar a mão, como o Lucas faz com a Monica no filme. Como hoje minha equipe fez por mim. Eu sempre tive pessoas ao meu redor segurando a barra. Mas hoje vi o quanto um abraço amigo, uma conversa e um desabafo podem fazer a diferença. Abrir o peito pra um amigo não é um sinal de fraqueza, pode ser assustador, mas no fim você tem alguém pra carregar o peso contigo. Alguém pra te ajudar a fazer a coisa certa.

E por último ele me ensinou a ser justa. Isso quem disse, na verdade, foi o Ibrahim, mas poderia ter vindo da personagem. Ser justo consigo mesmo, com a situação, com as pessoas ao seu redor. É mais importante agir da forma certa do que pregar a coisa certa. Ser justo significa respeitar e ser respeitado. Ser justo significa fazer sacrifícios. Ser justo significa enfrentar a estrada de cabeça erguida, não importando se você já sabe como isso vai ou deve acabar, no final, sendo justo, você fez a coisa certa.

Uma visão otimista do mundo não tem sido meu normal nos últimos dias. Mas estar fechando esse ciclo me tirou das sombras e me sinto extremamente bem! Espero mesmo que uma vez que o "11 Dias" esteja pronto alguém possa aprender com a obra o que estou aprendendo com o processo. Se esse fosse meu último filme eu estaria satisfeita, mesmo que no fim as críticas sejam negativas (o que não serão! Garanto como uma boa mãe orgulhosa que o filme é bom). Minha satisfação vem de completar essa jornada que está sendo extraordinária.

Pra acompanhar o "11 Dias" basta acessar o blog de produção: http://curta11dias.blogspot.com

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