sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O dia em que o sertanejo mudou minha visão de mundo...


"Tem marcas nessa vida que o tempo não vai apagar
Eu te juro, nunca mais, nunca mais vou me entregar"



Todo mundo sabe que música sertaneja quando entra na cabeça é igual chiclete grudado no cabelo, só uma tesoura afiada pra resolver... Foi assim que conheci uma música de um tal Luan Santana (me perdoem os que amam, mas eu realmente não gosto de música sertaneja, mesmo meu pai tendo gravado dois cd´s nesse estilo), a música está citada acima entre aspas., através dos meus vizinhos com gosto musical extremamente limitado e um som pra lá de alto. A verdade é que a coisa irritante que não saía da minha cabeça começou a funcionar como um catalizador de pensamentos. (obrigada Patrícia!!!)

Nascemos puros. Crescemos e o mundo vai nos corrompendo, já dizia Russeau. Então por que não funcionaria assim com os relacionamentos?

Agora eu quero que você pare e pense no seu primeiro namoradinho/a (sim, aquele mesmo que pegou na sua mão e você jurou que seria eterno mas até esse momento tinha esquecido o nome do vivente). Esse primeiro relacionamento era puro, cheio de promessas, sonhos, vocês estavam abertos às possibilidades futuras e mesmo as chances estando contra vocês, conseguiam acreditar que seria pra sempre. Pelo menos você acreditava... Até ele te trocar por outra e você dar aquele vexame em um baile de debutantes... No dia seguinte após aquele primeiro porre pós fim de relacionamento, com 3 galos na cabeça e sem saber como os havia adquirido, você jurou que da próxima vez faria diferente, iria com mais calma, não se entregaria tanto.

O segundo relacionamento já foi mais sério, um pouco mais profundo. Você já demorou um pouco mais de tempo pra confiar no rapazote/rapariga, já estava um pouco mais velha(o), a vida começava a mudar, seu corpo começava a querer outras coisas... Mas ainda assim você se entregou, mergulhou de cabeça naquela relação de dois anos e meio. Trocou juras de amor. Fez planos, concessões (por favor não me diga que você trocou uma faculdade de medicina por design por causa dele, não me diga isso!!!), criou na sua cabeça um futuro lindo. E mais uma vez caiu do cavalo bonitinho. Caiu do cavalo é pouco, porque agora já não tinha como recuperar o tempo perdido. Não tinha mais como voltar atrás naquela matrícula, nem como voltar no tempo e colocar aquele par de chifres com o italiano gato que te entendia e que ele merecia. Dessa vez você jura que aprendeu e se fecha mais um pouco na sua concha... Dia após dia. Percebe o quanto foi idiota. O quanto ele te colocava pra baixo. O quanto você mudou pra se encaixar no mundo dele.

Os próximos relacionamentos demoram mais pra acontecer e você percebe que toda vez que mergulha de cabeça acaba se machucando. Percebe que o amor puro é coisa do passado, que você precisa criar jogos, esconder sentimentos, criar um campo de batalha. É tão exaustivo e frustrante que chega um ponto em que você simplesmente pára de mergulhar. Você já não se entrega mais. Tem medo de sofrer, medo de machucar, medo, medo, medo, medo, medo... Se relacionar com o sexo oposto (ou com o mesmo sexo, em alguns casos) se torna um verdadeiro filme de terror dirigido pelo Wes Craven! E você só quer que acabe na triologia, mas aí vêm a notícia de que vão lançar Pânico 4. (eu não mudei de assunto, continue prestando atenção, isso chama-se metáfora) E Pânico 4 você já não tem certeza se quer mesmo assistir. Nunca mais vai ser Pânico 1, aquele que te conquistou. Mesmo sabendo que esse pode ser o filme que vai mudar a sua vida você se recusa. Você até flerta com o trailer de vez em quando no youtube, mas aí surgem as dúvidas, os medos, as inseguranças. Será?

Nesse momento, no momento em que você decidiu ficar sozinho pra não se magoar e não magoar mais ninguém você está legitimamente moldado pelo seu passado. Todos aqueles fracassos imprimiram em você a sensação de que nunca vai dar certo. De que o amor é uma ilusão criada por Hollywood pra vender filmes. (obrigada pela frase, Jabor!)

E tudo, tudo que você prega (seja no seu blog, no seu diário ou na sua própria mente), o "carpe diem", os sapos que podem virar princípes o "não se apegue ao material," o "não faça jogos", o "tempo que não existe", tudo isso vira balela, porque você, mesmo sem perceber é uma criança assustada e escravizada pelo seu passado amoroso. E nunca vai viver plenamente porque não se permite experimentar mais uma vez. Não se permite ter esperança de um futuro feliz. De encontrar a tampa pra sua panela, mesmo que ela pareça uma frigideira ou uma cumbuca, um prato, mesmo não sendo o ideal, pode fazer esse papel.

Então, deixo vocês com uma declaração de amor a música sertaneja que mudou minha maneira de ver o mundo e à minha vizinha, que não baixou o som e me permitiu pensar.
(ainda não acredito que foi uma música sertaneja e não uma letra dos Beatles)

E pra terminar: Just beleave... Don´t forget to live.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O tempo dos desajustados...


Tempo. What a tricky little thing! Mas afinal, o que é o tempo?

Quando crianças aprendemos que o tempo é algo que demora demais a passar. Queremos crescer. Queremos viver tudo AGORA. Experimentar tudo AGORA. Paciência é algo que não faz parte do nosso vocabulário.

E conforme crescemos percebemos que o tempo esteve o tempo todo contra nós. Porque no momento em que nascemos começamos a morrer, dia após dia o relógio se torna nosso grande inimigo. E lá pelas tantas a subida da monta russa que parecia tão longa se transforma na rápida descida. Excitante, amedrontadora, cheia de loopings intermináveis. E você não consegue nem respirar imaginando o que vem a seguir. E aí esquecemos de aproveitar a emoção que estamos vivendo agora.

Um homem muito sábio um dia disse que "as únicas coisas imútaveis são o ontem e o amanhã". Isso significa que em vez de esperar ansioso pelo amanhã, ou remoer o ontem, vale muito mais a pena aproveitar o AGORA. Não importa o que vai acontecer depois da curva. Quando chegar lá você vai saber e vai ser obrigado a lidar com isso.

Então, correndo o risco de ser piegas e repetitiva, cito 'Sociedade dos Poetas Mortos': "Seize the day, my children". Aproveitem o dia. Porque o hoje amanhã será o ontem e você não vai poder fazer mais nada quanto a isso. Isso é viver no agora. Isso é encontrar a verdadeira felicidade dentro de você, em cada momento da sua (curta) emocionante vida.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Beatles e as sombras que nos perseguem...


"There will be an answer...
Let it be..."

John Lennon e Paul McCartney


"O que você faria se descobrisse que vai morrer amanhã?"

Assim começou a conversa com uma grande amiga do passado (cuja identidade será preservada por motivos óbvios) neste fim de semana. A princípio pensei ser uma daquelas brincadeiras que a gente faz, uma daquelas perguntas filosóficas cheias de significado que ninguém sabe muito bem como responder, porque ninguém, ou quase ninguém, pode prever a própria morte. Então ela jogou a bomba: "É bem provável que não seja amanhã, mas logo.". Minha voz ficou embargada e a única coisa que minha cabeça conseguia processar eram letras das músicas dos Beatles. Idiota? Não... Só depois eu percebi como tudo aquilo fazia sentido, como aquelas letras eram cheias de sentimento e verdade e cabiam exatamente naquele momento, no momento em que minha amiga revelava apenas pra mim o que ninguém mais sabia.

Me coloquei no lugar dela na hora. Imagine você ter que conviver com essa notícia? Ter que conviver com a idéia de que depois de um período de dor e sofrimento tudo o que restará será a esperança de uma vida melhor do outro lado da linha, depois que essa vida acabar.

"Words are flowing out like endless rain into a paper cup,
They slither while they pass they slip away across the universe."

A primeira reação é fingir que aquilo não é com você. Não pode ser, afinal, você finalmente encontrou a felicidade, a paz interior, a vontade de viver. O mundo inteiro está fazendo sentido. Por que a tempestade viria agora? Por que você, que sempre tentou dar o melhor de si, deveria ser punida?

"You say you want a revolution... Well you know, we all want to change the world"

Claro, agora você percebe o quanto está bravo, o quanto sua alma arde com tamanha injustiça. Sim, porque parece uma injustiça ser você a deixar o mundo, ser você a sofrer. Você, que tanto queria ajudar, você, que tanto queria fazer pelos outros e não só por si mesma, você, que ainda nem viu aquele pôr do sol memorável, ou não teve a chance de dizer pra alguém especial como realmente se sente, sem as máscaras do dia a dia... É quando as promessas surgem, os medos afloram, e você começa a perceber que o tempo é um luxo.


"Blackbird singing in the dead of the night... Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise."

E pra terminar, você aceita seu destino, aceita que nem todos os caminhos são feitos de flores, percebe que o amanhã pode até parecer um pouco cinza, mas que o cinza não dura para sempre. Que nada dura pra sempre. E você aprende a dizer 'eu te amo' sem se sentir culpado. Aprende a compartilhar os bons momentos. A aproveitar cada segundo. E repentinamente uma luz aparece no fim do túnel...

"I get by with a little help from my friends..."

Quando você divide seus sentimentos com alguém que ama percebe que pode se agarrar aquele único fiozinho de esperança de que a profecia pode não se realizar. De que a medicina pode te ajudar. De que o pensamento positivo pode te salvar. E vai te salvar. Deixa estar. Let it be... As respostas virão.

"Sunrise doesnt last all morning
A cloudburst doesnt last all day
Seems my love is up and has left you with no warning
Its not always going to be this grey"

A todos eu deixo o vídeo abaixo e à minha amiga a gratidão, aliás, a todos os meus amigos, sou grata pela confiança, pelo apoio nos momentos dificeis, pelos risos fáceis, pela alegria de simplesmente existirem e nunca desistirem da vida... Nunca desistirem de mim.

http://www.youtube.com/watch?v=kDL0wKnMV-Y&feature=related

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Me chama de baranga, mas não vive sem mim!

Quem um dia já não conheceu aquele princípe encantado, lindo, maravilhoso, todo empoado em seu cavalo branco, pronto para te resgatar daquele monte de relacionamentos fracassados com o beijo do amor verdadeiro e no fim, bem, no fim ele era só mais um sapo chato que fez de alguns meses da sua vida um inferno...

Sim querida, ou querido, você não está sozinho, todo mundo já passou por um fim de relacionamento difícil, daqueles que magoa, que faz brotar em nós o maior sentimento de infantilidade e infelicidade. Não tem como evitar, e se você ainda não passou por isso, vai passar. Sabe por que? Somos humanos. E a raça humana é meio burrinha por natureza. A gente INSISTE no erro. Várias e várias e várias... E várias vezes. Somos carentes. PRECISAMOS acreditar que o amor ainda existe. Que nosso final há de ser FELIZ.

Mas nem tudo precisa ser tão difícil na vida de um ser humano. Com o tempo a gente EVOLUI, a gente pode aprender, sim, a se desapegar, a se entregar ao agora, a viver o que a vida nos proporciona no momento, aproveitar aquele tempo em que ninguém vira sapo, em quem ninguém tem defeitos, em que tudo se encaixa, em que tudo faz sentido, em que o amor existe de verdade e quem sabe, com o tempo, o amor se transforme em algo mais profundo, os defeitos, esses, sejam minimizados pela tolerância e pela paciência, e a mágica pode durar mais, pode durar a vida toda. O conto de fadas pode existir.

Por fim, quero agradecer a minha prima Amanda por ajudar a escrever esse post e por ajudar a resgatar aquela criança interior, que ainda acredita em contos de fadas com finais felizes.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Algemas pra que te quero...



"Se você vai ao cartório para se casar, é porque não confia. Confia mais no cartório, na polícia, na lei do que no amor."
Osho


O último post do blog realmente me deixou emocionada pois recebi de uma leitora um e-mail dizendo que a parte que falava sobre liberdade estava ajudando a salvar seu casamento. Por isso eu, solteira convicta, decidi escrever esse post, pra falar justamente sobre AMOR E ALGEMAS.

Você pode estar neste momento pensando: "o que uma pessoa que sequer considera um compromisso sério como o casameto tem a dizer sobre o assunto?". Bem, posso ser solteira mas convivo com meus pais (muito bem) casados há 26 anos, com a maioria dos meus amigos amarrados, e meu ouvido já virou pinico pra muita DR (DR = Discussão de relacionamento). Também não estou tentando dar uma opinião profissional nesse assunto, apenas uma certa ´luz pessoal´.

A frase que coloquei logo no início me fez pensar em muita coisa. A primeira é no AMOR, essa coisa que nos tira o chão, que nos faz raciocinar feito macacos. Segundo os cientistas o amor não passa de uma combinação de estímulos nervosos e química cerebral que nos faz SENTIR. Pode até ser, mas pra quem vê o mundo com o coração acima da razão, o amor é a prova maior de que podemos nos importar, sim, mais com outra pessoa do que conosco. Amar incondicionalmente (que pra mim, é a única maneira de amar) é querer o bem daquela pessoa acima de tudo, mesmo que o melhor pra ela seja se afastar de você. Eu sei que parece loucura e altruísmo inatingível, mas esse é um relato de alguém que já experimentou o amor incondicional, e que sabe que as vezes "deixar ir" significa mais do que fazer a coisa certa. Significa que parte de você contribuiu pra felicidade de quem você ama. E esse sentimento(a princípio duro e sofrido) não tem preço, só vai te trazer alegrias futuras.

Mas felizmente nem todo amor significa "deixar ir", mas sim estar perto, ter seu próprio amor retribuído. E é aí que entra a frase mais piegas e verdadeira que eu já ouvi: "Quem ama, confia". E CONFIANÇA é a base pra qualquer relacionamento saudável. Sendo assim, se você ama e confia, dá a LIBERDADE que a outra pessoa precisa. Liberdade não quer dizer deixar que ele(a) faça o que quiser da vida, saia de traindo, mesmo porque traição não está nos planos de quem realmente ama. Liberdade significa que cada um precisa ter seus momentos, seu direito de ir e vir quando bem desejar, seu direito de ser quem realmente é, sem precisar mascarar traços da sua personalidade só pra agradar o outro. E vamos falar a verdade, todo mundo é único, diferente e todo mundo realmente necessita de um tempo sozinho, fazendo as coisas que gosta.

Ok, já falamos de amor, confiança, liberdade. E onde entra o CASAMENTO nisso tudo? Essa é a pergunta que eu também me faço. Se você ama alguém precisa realmente de um papel pra provar isso ao mundo? Ou melhor, pra que provar alguma coisa pra alguém além de si mesmo? Se vocês atingiram todos esses estágios citados acima, aceitaram as diferenças um do outro, descobriram que o amor que sentem é incondicional, um pedaço de papel ou uma aliança no dedo não vai fazer diferença alguma. As mais românticas vão dizer que a cerimônia, o simbolismo, blá blá blá... Pra mim isso é insegurança, e insegurança não faz parte de quem ama. Meus pais assinaram um papel só pra que eu tivesse direito a herança caso um dia eles se separassem (naquela época as leis eram diferentes) e vivem muito bem até hoje, sem anel... Sem pressão... Só na base da confiança, do apoio. Claro que eles discordam, claro que eles discutem, mas no final um está lá pro outro. E é isso que realmente importa, poder contar com alguém no fim do dia.

E pra terminar, e se o amor acabar? Se acabar não era amor, porque amor não termina, se transforma. E essa transformação pode servir pra unir mais vocês ou pra que cada um leve em consideração o tempo que viveram juntos e sigam seus caminhos separados, mas a verdade é que sempre vão carregar aquele sentimento de carinho um pelo outro. Como meus avós, separados há mais de 30 anos e todo fim de semana um conversa com o outro pra saber como vão as coisas, se preocupam com a saúde, com a felicidade do outro, só sabem que viver juntos não vai fazê-los felizes, porque o amor se transformou em uma grande amizade. Aliás, no papel eles são até casados, porque o papel é só um papel. E eles são humanos. Todos somos.

Sem mais delongas, digo: Não tenham medo de se entregar, de amar, de sofrer, de chorar, de rir, de abraçar... Sentimentos fazem parte da vida, e a vida a gente vive intensamente, a cada momento. E se tiver alguém ao lado pra compartilhar, melhor, se não, aproveite a solidão e saia em busca, experimente, sonhe.