terça-feira, 10 de maio de 2011

38 é só um número

Quem nunca fez dieta que atire a primeira pedra. Aposto que todas nós sentimos uma pontada de inveja quando olhamos pra barriga da Debora Secco na novela das oito. Ou nos sentimos culpadas depois que comemos aquela panela de brigadeiro. Não tem remédio melhor pra crise de TPM do que uma barrinha de chocolate, mas que pesa na consciência, pesa. 

Me lembro de uma passagem do "Comer, rezar, amar" (filme) em que a personagem da Julia Roberts está em uma pizzaria em Nápoles com uma amiga que se recusa a comer uma pizza inteira, por mais que esteja deliciosa, porque desde que chegou na Itália não entra mais no jeans e a solução da personagem da Julia Roberts foi simples, rápida, fácil e prazerosa: comer a pizza e comprar calças maiores.

Por que somos tão obcecadas pela forma física, ou melhor, pela magreza? No mesmo filme citado acima a (sábia) personagem pergunta a amiga (pseudo) gorducha: "Por acaso algum homem te rejeitou na cama depois que te viu nua? Não, e sabe por que? Porque ele não viu a gordura que você viu porque estava contente demais por ter conseguido tirar a roupa de uma mulher." São as mulheres que fazem as outras mulheres se sentirem mal com relação ao próprio peso e não os homens. E a mídia e o Photoshop não ajudam em nada...

Quem já foi a um desfile de moda sabe que modelo não é bonita de verdade. Quem começou a ditadura da magreza foi a (hoje mais rechonchuda) Twiggy (foto abaixo), na década de 60. Antes dela, bonito era ter curvas, lembra da Marylin Monroe? Ela usava manequim 42/44. 


Mas antes de culpar a moça completamente, lembrem-se que ela pode ter feito sucesso com sua magreza, mas não é uma defensora das modelos extremamente magras, pelo contrário, faz parte do grupo que defende um IMC saudável para subir na passarela.

Ter uma alimentação e hábitos saudáveis é importante pra viver mais e melhor, isso todo mundo está cansado de saber, mas também sabemos como é difícil resistir às tentações, especialmente às comidas rápidas e fáceis, ao sanduíche hiper-calórico, cheio de sabor e com poucos nutrientes que vai nos fazer sentir fome novamente daqui uma hora. Nossa vida, cada dia mais corrida, também não contribui em nada para uma rotina regular de exercícios. Fora que nossa mente é nossa maior inimiga, é quem mais nos sabota.

Há cerca de dois meses, me sentindo pior que a amiga pseudo-gordinha da Julia Roberts, entrei no consultório do meu médico implorando por uma fórmula mágica pra detonar aqueles quilos a mais que tanto me incomodavam quando eu me olhava no espelho. Ele me pesou, me mediu e pediu pra que eu descrevesse a minha rotina, extremamente sedentária, diga-se de passagem, e, com aquela cara de quem sabe tudo, disse que tinha a solução. Eu sorri esperando uma bela receita de sibutramina e ele me passou uma folha de papel com a fórmula mágica escrita:

dieta balanceada + exercícios = mulher magra e feliz

Eu protestei, claro, dizendo que não tinha tempo pra ir pra academia, que minha alimentação era uma droga porque a única coisa pra comer perto do meu trabalho era lanche gorduroso e que eu precisava de outra solução. Ele não me deu outra solução rápida. Era pegar ou largar. Eu peguei, só como experiência e porque estava beirando o desespero.

Passei a trazer marmita pro trabalho, mantenho um diário alimentar, faço uma caminhada de uma hora todos os dias e musculação três vezes por semana, logo depois que saio do trabalho. No primeiro mês foi extremamente difícil porque eu sempre odiei esportes ou qualquer coisa que me fizesse suar, sempre fui o tipo de garota que vai pra aula de yoga, não a garota que puxa ferro. Mas era por uma boa causa. No primeiro mês, seguindo o cardápio e a rotina de exercícios emagreci 5 kg. No segundo foram mais 3 kg. Agora parei de contar porque voltei a entrar nas minhas calças, mas continuo mantendo a rotina saudável, só que ficou bem mais fácil. Carrego na minha agenda uma foto minha de biquini quando eu ainda estava rechonchuda, só pra me lembrar dos riscos que a preguiça e os excessos podem causar.

Hoje quando você pega uma revista e vê a Giselle Bunchen pedindo coxinha no intervalo do São Paulo Fashion Week a primeira coisa que passa na sua cabeça é: "ÓDIOOOOO, Deus é injusto! Por que ela come coxinha e não engorda????" E a resposta é simples: porque ela não come coxinha todo dia! Eu também não deixei de comer o que eu gosto, só diminuí o ritmo. Exceto pelo chocolate, esse não abandono de jeito nenhum, como um pedacinho de chocolate amargo toda manhã. Mas um pedacinho não é nada comparado com as duas barras diárias de antes.

Então se você também está infeliz com seu peso eu peço que se pergunte primeiro por que realmente quer emagrecer? É por você mesma ou porque os outros acham que você está gorda? Porque se for pelos outros, pode ir parando por aí, a beleza é muito mais do que essa casca que a gente carrega. A verdadeira beleza está dentro de você e isso não é pra ser papo de auto-ajuda, é a verdade mais antiga que existe. Alguém pode até se aproximar de você porque você é linda por fora, mas só vai te amar de verdade se você for bonita por dentro e se souber amar a si mesma.

Fazer escolhas saudáveis é ótimo, mas ficar obcecada com o próprio corpo é o pior erro que uma pessoa que quer emagrecer pode cometer. É bom relaxar e não se cobrar tanto.

Mas um alerta meninas, se você tem absoluta certeza que vai queimar essas gordurinhas procure ajuda especializada. Eu já entrei em muitos regimes malucos e furados, que deram um excelente resultado a curto prazo, mas acabei ganhando todo o peso depois porque me acomodei. Ou pior, isso pode trazer conseqüências pra sua saúde. Dieta é coisa séria e precisa ser acompanhada por um profissional e não pode ser restritiva demais. Nosso corpo precisa de calorias e nutrientes pra funcionar. Você não vai emagrecer tudo de uma vez, é um processo gradual, demorado e que exige manutenção eterna. Você vai precisar de uma reeducação alimentar quando atingir o peso ideal pra não correr o risco de voltar a engordar. O que funciona muito bem pra sua amiga pode não funcionar bem pra você, afinal, vocês são pessoas diferentes com rotinas e necessidades diferentes.

Outra coisa importante é estabelecer metas reais. Nenhum corpo é igual ao outro. Se você tem curvas naturalmente não adianta querer se transformar na Cameron Dias, não vai funcionar e você só vai se frustrar. O primeiro passo é aceitar nosso biotipo e focar em melhorar essas qualidades que já possuímos. Mas principalmente precisamos lembrar que a saúde vem antes da beleza. Uma mulher esquelética não é saudável e muito menos bonita. Quer exemplos de mulheres lindas e que não são magrelas? Jennifer Lopez e Scarlet Johansson. Elas estão na medida, são curvilíneas, se cuidam, tem um "corpão", mas nada da magreza mórbida que vemos na maioria das atrizes hoje.

Fica a dica pra quem quer se aventurar em perder alguns quilinhos, leia, se informe e não saia por aí fazendo loucuras. Vai demorar mais pra chegar no seu objetivo, mas tenha certeza que será gratificante e permanente.