sábado, 23 de outubro de 2010

Sobre "Doce Novembro", Farmville e Charlie Chapplin

Vivemos em um mundo individualista, isso é fato. Pare e pense quando foi a ultima vez que você passou um dia inteiro sem usar as palavras "eu" e "meu". Eu provavelmente nem sabia falar quando isso aconteceu. Somos dramáticos por natureza e frequentemente temos a sensação de que o Universo está contra nós. Sempre contra nós.

Ontem indo pra casa parei em um sinal e vi uma das cenas mais comoventes que alguém poderia ver. Uma menina de uns dez anos ganhou um chocolate do motorista que estava na frente e foi correndo para onde estava o irmãozinho. A mãe dela estava catando papelão. Ela pegou um pedacinho do chocolate e deixou a maior parte (a barra quase toda) pro irmão que devia ter uns três ou quatro anos. Não sei se é o excesso de remédios, a dor ou o fato de estar emocionalmente abalada, mas diante daquela cena eu percebi como os meus problemas, e na maioria das vezes o das pessoas ao meu redor, são pequenos se comparados à vida que aguarda uma criança dessas. Enquanto uma criança não tem o que comer ou o que vestir ou pais conscientes de não colocar mais filhos no mundo se for só pra sofrer, eu jogo Farmville. Eu planto comida virtual. Eu choro durante horas por uma cena de ficção executada por atores extremamente bem pagos quando coisas reais como essa acontecem todos os dias e ninguém chora por elas.

Há uma semana das eleições eu tomo consciência de que a solução pra tanta miséria, poluição, individualismo e hipocrisia não está em um Bolsa Família ou na mão de um governante supremo, está nas nossas mãos, nós, cidadãos comuns podemos fazer alguma coisa sim. Podemos começar com o simples fato de sermos gratos por termos saúde, por exemplo, diante de tanta gente morrendo em um hospital, sem condições de se tratar, às vezes presas em um caso sem solução, outras porque simplesmente não tem dinheiro. Ou sermos gratos pelo fato de termos ao lado alguém que nos ame, um teto sobre a cabeça. Enfim, se a gente parar pra pensar a gratidão é o primeiro passo pra perceber o que estamos fazendo errado. E a partir daí podemos transformar nossa utopia em ações.

Quando digo transformar em ações não é mudar o mundo se livrando de tudo o que você tem pra dar a quem não tem, porque isso não ensinaria nada a ninguém. Mas a gente pode começar com pequenas ações, como reciclar, dar a mão a um estranho quando ele precisa, separar um dia por mês pra fazer um trabalho voluntário, é tão simples visitar um orfanato em um domingo preguiçoso. E se você realmente tiver condições, porque não ensinar algo a alguém. Doar livros que estão empacados na sua prateleira. Não é de mais dinheiro que o mundo precisa, mas de ações. De pessoas conscientes que possam passar algo produtivo ao próximo.

Eu sei que agora você vai dizer que tem muita gente que se aproveita da bondade dos outros. Pois bem, eu te desafio nesse momento a mudar esse quadro. Ser bom não significa dar algo material. Aliás, o material ajuda, mas não concerta absolutamente nada. A raiz do problema está na mente de cada um de nós e só nós temos a capacidade de mudar isso.

Vou encerrar o post de hoje com uma frase otimista de Charlie Chapplin: "We all want to help one another. Human beings are like that. We want to live by each other's happiness, not by each other's misery." (Todos queremos ajudar uns aos outros. Seres humanos são assim. Queremos viver pela felicidade dos outros, não pela miséria dos outros.)

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amigos e partidos políticos...

Apoio. Essa foi a palavra da semana no cenário político brasileiro, enquanto todos esperavam que Marina Silva se pronunciasse a respeito dos candidatos a presidência e isso me fez, curiosamente, pensar em um post para o blog que não tem nada a ver com política... Ou talvez tenha. Olha só:

Março de 1990, escola primária de Quedas do Iguaçu, primeiro dia de aula, turma da professora Marilda. Minha garganta doía de tanto chorar e berrar que não queria ficar naquela sala de aula cheia de pessoas estranhas e muito menos sentar em uma carteira com o crachá que dizia que meu nome era Adriana (esse infelizmente é meu primeiro nome, mas desde que nasci todo mundo me chamava de Priscylla). Minha mãe, cansada da minhas lamúrias, saiu pela porta. Eu chorava baixinho quando uma mão pequena tocou meu ombro. Virei e notei que a menina com um rabo de cavalo no lado da cabeça (coisa que eu acho estranha até hoje) também chorava.

- Meu nome é Vanessa - ela disse.
- Eu sou Priscylla - respondi.

Naquele momento nós duas nos abraçamos e começamos a chorar juntas. Até o fim da aula. E no dia seguinte repetimos a dose, assim como no outro, até nos cansarmos e começarmos a brincar com as outras crianças. Assim eu fiz minha primeira amiga, que por sinal continua sendo minha amiga até hoje. E foi através dela que conheci minha outra melhor amiga, a Ale, que estudava com a gente e de quem fui madrinha de casamento 20 anos depois. (Eu era tímida, precisava ser apresentada `as pessoas) Adivinha? Também é minha amiga...

Posso dizer que ao longo da vida conheci muitas pessoas, fui amiga de algumas, mas poucas me ensinaram tanto como minhas amigas de infância e adolescência. Com a Vanessa aprendi a ter coragem e seguir em frente nas situações mais difíceis. Ela é uma guerreira que me inspira e sempre vai me inspirar porque não perdeu a alegria de viver, nunca se fez de injustiçada, mesmo o mundo tendo tomado dela algo muito importante. Já com a Ale, a menina loirinha que comia brigadeiro e cantava parabéns ao mesmo tempo (eu tenho a foto pra provar), aprendi a acreditar que sonhos grandes podem se tornar realidade, aprendi que o fim do mundo não está tão próximo e principalmente que um amigo pode passar um ano sem te ver, se for seu amigo começamos de onde paramos sem problema algum, mesmo que o que você queira dizer seja uma loucura pro resto do mundo. 

O que eu quero realmente dizer é que muitas vezes, na hora do desânimo ou quando somos atingidos por noticias ruins, a gente para e pergunta: por que estou vivendo? Por que estou tentando sobreviver? Bem, porque você tem uma missão a cumprir e essa missão envolve as pessoas ao teu redor. Porque essas pessoas ao teu redor se importam contigo, ou não estariam ali. Porque você escolheu. Simples.

Amigos são a família que lhe permitiram escolher, mas as vezes os amigos também podem estar dentro da sua família. Como é o caso da minha priminha 6 anos mais nova, que eu descobri há pouco tempo que pode ser uma grande amiga, e apesar da pouca idade me ensinou a rir das situações. De todas elas. TODAS. (por favor, nunca nos levem a um velório juntas)

Por isso, termino esse post agradecendo a todos aqueles que já me deram apoio algum dia, em especial um certo senhor aí que tem aguentado firme e sozinho carregar um peso bem grande, quero que saibam que estou aqui e daqui não saio. Pro que der e vier.  Amigo não serve só como lembrança de senha de e-mail. Porque APOIO não é só partido político que precisa, mas nós, seres humanos, precisamos nos sentir amados e apoiados sempre que possível.

Dedico estas palavras a Sooz, a Nessa, a Ale, a Deb, a Mima, ao Edu, a Amanda, ao Lover, ao Gil, a Isa e ao Willi, sempre que precisarem meus amores.

sábado, 9 de outubro de 2010

Ele não está tão a fim de você... E Ozzy.

"If a guy wants to be with a girl he will make it happen, no matter what."
Alex
Toda mulher deveria ter em casa uma cópia do DVD do filme "Ele Não Está Tão a Fim de Você" em casa.  E da biografia do Ozzy. E não digo isso (só) porque estou em um momento meio Gigi (personagem do filme), mas porque toda mulher em um momento da vida passa por isso ou por uma das situações do filme, seja ficar obcecada em encontrar o amor, louca pra se casar porque está velha, noiada com o casamento, jurando que o homem ideal está em dez tipos diferentes de redes virtuais ou simplesmente acreditando que ele vai largar a esposa pra ficar com você só porque você se parece com a Scarlett Johassen, é instrutora de ioga e canta como um rouxinol, vai saber se ele não é casado com alguém como a Jennifer Connely?

Chick flick? Com certeza! Mas assistir esse filme de tempos em tempos faz você perceber certas verdades da vida que você já conhece, mas escolhe esquecer, e a principal é um conselho da personagem do Alex: "se ele te quiser, ele corre atrás, não importa o quanto isso custe". E aí você pára de vez de ficar tentando mudar cada homem que conhece, pára de ficar tentando ser a exceção a regra de cada um que cruza seu caminho, porque não é porque nos disseram que se um garoto puxa nosso cabelo no jardim de infância significa que ele gosta de nós é que a regra valha pro resto da vida. Não nascemos pra ser mal tratadas por homens por quem movemos o mundo se for preciso. E como eu sempre digo, se você pode morrer amanhã por que morrer amargurada por causa de um ser chamado homem.

Confesso que enquanto escrevia esse post assisti a cena em que o Alex bate na porta da Gigi umas dez vezes pra dizer: "You are MY exception." E confesso mais, eu quero ser a exceção de alguém, mas não ás custas da minha sanidade dentro do pouco tempo que tenho. Como dizia uma amiga em seus tempos de solteirice (ela foi pro outro lado, casou) "enquanto eu não encontro o homem certo, eu brinco com todos os errados". Então, Ale, eu brinco com muitos homens errados, thanks bitch! love you.

Quem nunca passou noites a fio checando quantas barrinhas tinha o sinal do celular? Ou perdeu aquela noite com os amigos pra dar um colo que não recebeu de volta? Ou simplesmente chorou até não ter mais lágrimas em um sábado a noite por ser abandonada no bar pelas amigas que saíram com estranhos (e possíveis amores da vida delas, que depois não vão acontecer e você vai ter que consola-las). Tudo bem querer ser Gigi, mas não se deixe levar por muito tempo, porque isso te tira do agora e te faz ficar meio (eu estou sendo boazinha ao dizer meio) neurótica. E só o Alex pra se apaixonar por uma neurótica.

Mas não posso ser injusta com todos os homens, não mesmo. Existem aqueles que querem fazer de você a exceção deles, mas não rola se você também não estiver preparada. Então tire um tempo pra pensar antes de mergulhar de cabeça em algo que vai machucar os dois. Nem todo homem é um canalha em reforma, mas todo canalha em reforma vai te causar um grande dano. E que esse dano não seja permanente.

E a biografia do Ozzy? É pra você rir enquanto espera pela SUA exceção.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Surpresas e falta de tempo

É com pesar que começo a escrever este post, no sexto dia do mês, como já virou uma tradição, mais uma pessoa querida passa para o outro lado. Hoje o mundo, pelo menos o mundo da carne, perdeu um poeta, um ator fantástico, um incentivador corajoso e um amigo daqueles que você pode passar meses sem ver, mas vai te receber de braços abertos. Assim era Claudio Bettega, um homem de coração gigantesco, que vai nos deixar cheios de saudade desse lado. Let it be. Amanhã todos nos encontraremos em uma grande festa homenageando Baco, regada a vinho (sangue de cristo), música e cheia de atores a interpretar seus papéis..  Mas hoje o que nos resta é lembrar como esse homem foi capaz de tocar nossas vidas. A minha, por exemplo, foi em 2007, quando estava quase desistindo de fazer "O Beijo das Orquídeas" e ele, com seu jeito amigo, cheio de carinho pra dar, ofereceu o ombro. Não faltou a uma apresentação. Se desmanchou em elogios, mesmo vendo (e eu sei que viu) todas as falhas. Nunca julgou mal. Por isso, hoje, eu digo: obrigada, meu amigo.

Não sei por quanto tempo ainda a página vai ficar no ar, mas este é o link pro blog que ele mantinha, caso tenham vontade de conhecer mais sobre esse homem fora do comum. (http://claudiobettegaemcena.blogspot.com/)

Acordar com uma notícia assim te faz pensar muito no tempo. Dizem que o tempo não passa de um estado de espírito. E é verdade. Pra quem está feliz o tempo voa, pra quem está triste o tempo (e a vida) demora a passar. E em um segundo tudo muda. Em um segundo, o tempo já não existe mais. A carne já não existe mais. E você passa a ter todo o tempo do mundo. Parece confuso, eu sei. Mas a verdade é que esse "estado de espírito" chamado "tempo" é mal utilizado por nós, porque quando acordamos de manhã a primeira coisa que surge no nosso inconsciente é que temos todo o tempo do mundo. Temos mesmo, só que essa vida é única, mesmo que você acredite em reencarnação. Pra esse eu você não retorna. E é com esse 'eu' que você evolui. É esse 'eu' que vai fazer o seu próximo 'eu' ser uma pessoa melhor. 

Sendo assim, rasgue dinheiro se tiver vontade, mas aproveite pra tirar uma lição disso. Ande em uma velha bicicleta até se cansar. "Faça o que tu queres pois é tudo da lei." já dizia Raul. Algumas pessoas passam a vida toda tentando descobrir por que estão aqui quando a resposta está na cara delas: você está aqui pra viver e tirar disso uma lição. E essa lição pode ser só sua, ou você pode partilhar com outros. Escolha viver e não somente sobreviver. Você pode. Hoje, amanhã, não importa. Diga a quem ama, diga muito obrigada por existir. Ame. Não esqueça de amar. O amor move a vida, seja o amor próprio, o amor pelo outro, o amor por uma causa. "All you need is love".

Estou começando a me repetir pra parecer profunda, o que não é o caso aqui, então, nas palavras do sábio poeta Bettega, me despeço, indo aproveitar o dia de sol e a vida. (Sim, estou saindo do escritório agora, dizendo pra quem eu amo que os amo e pedindo perdão a quem devo desculpas)



By me, um dia aí...
por Cláudio Bettega
Crio um atalho, um desvio da sorte,
navego em mar brando e
exprimo o desgosto
em relação ao homem torpe,
à fuligem,
ao mau gosto.
Minha vida é meu pão, meu lugar, meu posto.
Ninguém pode me tirar
do meu cafofo
e depois debitar
da minha conta o imposto.



Saudades, daquela que sempre vai lembrar de alguém que a chamava de Orquídea.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

De volta para o futuro... Oops, presente...

As eleições passaram (pelo menos o 1º turno), fui pra minha cidade só pra votar, Paul McCartney confirmou apresentação no Brasil (por favor, parem de twittar sobre isso!!!), Restart continua fazendo sucesso (o mundo não faz sentido), e eu estou aqui de volta a escrever no blog (o mundo volta a fazer sentido).

E hoje eu me pergunto: qual seria a cura pra todos os males do mundo? Acabei de ver um vídeo sobre como a ciência pode nos ajudar mais do que a política. (link: http://tinyurl.com/3xg8q4o) Posso dizer que boa parte disso é verdade, mas acredito que a nossa consciência é que pode realmente ser útil. Ontem exercemos nosso direito a cidadania, indo (obrigatoriamente) às urnas, com opções horríveis de candidatos, dos quais tivemos que escolher o menos pior (gente, o Tiririca foi o mais votado!), quando a maioria da população não sabe nem como funciona o nosso sistema democrático. É mais fácil entender como funcionam as coisas em "Nosso Lar" (sim, o livro, que virou filme do Chico Xavier) e as esferas superiores do que entender pra que temos que escolher tanta gente pra comandar um país e o que essas pessoas realmente podem e devem fazer por nós. Só que fica difícil decidir sem informação, poxa... Custa elaborar melhor as propostas de campanha? Explicar em uma linguagem acessível ao povo mais humilde? Pensar um pouquinho em quem você está representado e um pouco menos no seu bolso?

Por isso, neste post curtíssimo, deixo um apelo pra que tenhamos consciência na hora de votar pra presidente, e pra que aqueles que já estão eleitos, tenham consciência de pensar um pouco em nós.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Oh baby, she´s a lot lilke you!

Gente, música pega. E eu não tô falando de Luan Santana... Juro. Voltei as origens. Hoje passei a tarde com minha prima, Amanda, ouvindo uma música de um australiano chamado Lachy, chamada "She´s a Lot like You", ótima!!! Vocês não fazem idéia, eu queria ter permissão pra poder divulgar...

Mas a verdade é que "She´s a lot like you" me lembrou de uma coisa mais do que importante: SEGUIR SEU SONHO.

Depois de ouvirmos um milhão de vezes a música, escrevermos um roteiro pro clip, imaginarmos isso na MTV gringa (sim, a gente sonha alto), começamos a ver velhos vídeos de filmes e peças que eu fiz, quase dez anos atrás, com um grupo de cinema que mantinha com amigos, o GCIND, e eu me surpreendi com o quanto fazíamos com tão pouco! Foi como resgatar um golfinho extinto. Sério, lágrimas aqui. De nós duas. Ela por me ver cantar Raul, e eu por me ver em cena e não me odiar. Ah, e provavelmente do meu amigo, por ser título de um post do blog que agora 19 pessoas seguem (uhuu!!).

Entre risos e brincadeiras o que eu quero dizer é que o Carlos Vilas Boas é um ótimo ator, o Tiago Lipka tem ótimos textos, e Lachy tem uma música matadora e rir é o melhor remédio. Ontem me vesti de Lady Gaga e foi como voltar a ser criança. Juro, foi ótimo. Foi uma das melhores experiências que eu já tive. Me sentir solta, brincando, com a Amanda.

A verdade é que a vida é muito curta pra gente gastar se preocupando com o amanhã, com o inevitável, com o que os outros podem ou não pensar de nós, se pensamos grande ou pequeno demais, até o pai do Ozzy não acreditava nele, então por que a gente tem que ficar se perguntando como vamos acordar na manhã seguinte? Quem vai nos seguir? Ou se ao sair do quarto vamos cantar "Parabéns pra você" a um bando de satanistas. LIVE THE NOW. Aproveite o agora e seja feliz, por mais idiota que pareça. Sério, roubar uma bicicleta por meia hora pode parecer perigoso, mas é DIVERTIDO! Ainda mais se ela tiver uma cestinha de flores na frente e um lugar pra você transportar seu melhor amigo. Só não esqueça de devolver depois. Use gírias antigas... Sério, isso é muito legal!!! Ou melhor, Supimpa!! Guerra de travesseiros... Se você nunca fez, faça hoje mesmo! Daquelas com penas voando pra todos os lados.

O que eu quero dizer, não deixe de fazer nada. Porque amanhã, pode ser tarde.

Um beijo a todos,
Até semana que vem... Ou até amanha