segunda-feira, 13 de setembro de 2010

VAI UM VOTO AÍ?

"A solução pro nosso povo eu vou dar, negócio bom assim ninguém nunca viu. A solução é alugar o Brasil."
Raul Seixas
Sempre me considerei um ser apolítico. Tirei o título de eleitor aos 16 anos por pressão de uma amiga extremamente engajada depois que escrevi um texto sobre os 500 anos de Brasil que foi publicado no jornal. Só nas últimas eleições para prefeito é que eu comecei a prestar mais atenção no que os políticos diziam, quem eram, histórias. Portanto se eu falar alguma besteira por favor me corrijam nos comentários.  O que eu vou escrever aqui vem de uma visão ainda bem ingênua sobre o que tenho visto, ouvido, sentido, nos últimos dois anos.

Moro em Curitiba há 10 anos. Nesse tempo todo não transferi meu título de eleitor pra cá, sendo minha zona eleitoral a cidade de Quedas do Iguaçu, no inteiror do Paraná. Votar no interior é bem diferente de votar na cidade grande. Lá você vota no seu vizinho, alguém palpável, que você conheceu sua vida inteira, com quem já tomou café na padaria, ou encontrou no supermercado (e não era campanha política). É alguém acessível, e talvez por isso eu ainda me dê ao trabalho de fazer 500 km em época de eleição, é bem mais fácil escolher um prefeito que você conhece, um vereador com quem você convive (mesmo que pelo msn) ou um governador e um presidente indicados por alguém que está engajado no meio e que vai contribuir para a realização das propostas daquela pessoa, porque um eleitor consciente vai querer ajudar o seu político escolhido, certo?

Já em Curitiba percebi as coisas há uma distância diferente. Você até encontra o candidato na padaria do bairro... Em época de campanha. Mas a coisa que tem mais me chocado (sim, chocado, essa é a palavra) é a tal da "carreira política". Parei pra observar que os candidatos renunciam de um cargo (prefeito, por exemplo) pra poder se candidatar a outro (governador, por exemplo) pra não perder a entresafra entre uma eleição e outra, período em que teriam que trabalhar em empregos comuns, ser pessoas comuns e sentir na pele o que a gente passa no dia a dia quando precisa de alguém que trabalha na prefeitura ou no palácio do governo. Se fosse pra existir a tal "carreira política" não deveria existir uma faculdade ou um curso técnico que ensinasse a "arte de administrar o bem comum"? Porque é pra isso que colocamos essas pessoas lá, é pra isso que elas apresentam suas propostas de governo, pra administrar o que também é nosso por direito adquirido na certidão de nascimento quando somos classificados como brasileiros. Era para o Brasil ser uma República Democrática, certo? Ou implantaram a monarquia e a ditadura e eu não fui avisada?

Outra coisa que me incomoda bastante é o descaso com que somos tratados depois que a campanha acaba. O cara que tomava café na padaria do bairro se muda para o Eco-Ville e nunca mais aparece. Aliás, você não consegue falar nem com um acessor. E o pior, é que quando esse indivíduo se candidata novamente pra dar continuidade a sua carreira política, é eleito novamente. E a memória curta dos brasileiros não pode nem ser recuperada através de um banco de dados virtual com tudo o que foi feito de bom e ruim, o que tentaram implantar há dois anos e foi vetado por ser considerado difamação do candidato. Poxa, alguém já assistiu ao horário político? Aqui sim é difamação. Informação não confiável passada por fontes duvidosas.

E quanto ao direito a liberdade de expressão? É o cúmulo quando um jornalista conceituado tem sua reportagem tirada do ar a pedido do presidente da república (sim, o cara que nós colocamos lá) só porque tinha um comentário sobre o candidato(a) apoiado(a) pelo mesmo.

E nós? Nós gostamos de ser palhaços. Digo isso porque todo ano eleitoral é a mesma coisa. Acabamos nos convencendo muito fácil com as promessas e a fala mansa. Esquecemos muito fácil dos escândalos que acompanhamos ao longo dos 4 anos de mandato. A verdade é que por sermos obrigados a votar, já não vemos o voto como um direito, vemos como uma obrigação, muitas vezes uma obrigação extremamente chata. Alguns até tentam mudar a situação com e-mails, correntes, campanhas virtuais, vídeos, sites, mas nada acontece. Por que?

Sabemos que políticos são iguais em todo lugar. O que difere é a cultura do povo. E também o interesse. Eu já fui desinteressada, já joguei muito voto fora. Mas esse ano pretendo me livrar do nariz vermelho e das calças largas. É por isso que escrevo essas palavras, pra contribuir com as correntes, movimentos e pessoas que tentam impulsionar nosso país e nossa gente. Mesmo que minha contribuição seja pequena.


Já dizia o ditado: "uma andorinha só não faz verão". Por isso deixo aqui meu humilde apelo, para que você que está lendo esse texto pense muito bem antes de apertar o "confirma". Já que somos obrigados realmente a ir as urnas em 3 de outubro, que pelo menos a gente faça nossa tarefa de casa. Pesquise, ouça realmente o que todos os lados têm a dizer. Tenha mais de um veículo de informação pra saber sobre quem está colocando pra administrar seu estado, seu país. Procure saber o que um deputado faz antes de colocar alguém lá pra exercer essa função.

A propósito, falando de maneira grossa, o deputado guarda as leis, além de poder propor novas leis, pode fazer emendas na Constituição, ou seja, é quem realmente tem a "voz do povo".  Já os senadores defendem os Estados no poder federal, então lembre de coordenar as propostas do seu senador com as propostas do seu governador, ou as coisas podem ficar no mínimo confusas, já que é ele quem aprova as verbas que vão para o seu estado e fiscaliza o governo, ou seja, em casos extremos podem JULGAR o presidente e ministros.

Como comecei com uma música do mestre Raul Seixas que praticamente acaba com as esperanças de arrumar nosso país sem entregá-lo aos outros, termino com outra, um pouco mais esperançosa, que pode ajudar a pensar um pouco na coletividade que envolve uma eleição e que eu provavelmente já citei aqui em outro contexto, mas mesmo assim aí vai: "sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é REALIDADE".

3 comentários:

  1. Agora temos que lutar pelo voto facultativo.
    Aí sim o brasileiro só vai votar quando sentir firmeza em algum candidato.
    Parabéns senhorita, ótimo texto.

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  2. eu ao contrario adoro uma politica, tenho minha visao, mas preciso de mais palavras para expor, entao vou dizer uma coisa: não é mudando de candidato que a coisa vai pra frente, tentando sempre outro diferente, primeiro os partidos deveriam ser extintos, ou existir no maximo 5 (uhul como facilitaria), mta putaria acabaria, o senado (poderia ser reduzido ja que o numero de partidos e interesses "pessoais ou partidarios" seriam menores. Sou a favor do abaixo PQP DA PORRA DE PARTIDOS DA PUTA Q PARIO QUE NINGUEM SABE Q IDEOLOGIA SEGUE, NEM MESMOS OS PARTIDARIOS>>.. aposto como muita coisa ja ia mudar.

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  3. Priscylla Dalfovo Biasi13 de setembro de 2010 às 15:29

    Noticias de última hora... Mais um escândalo Lula-Dilma vem a tona e ela continua liderando as pesquisas. Tudo bem que tbm tem escandalos envolvendo o Serra, mas não custa nada divulgar isso;
    http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-mae-de-todos-os-escandalos-1-filho-de-erenice-que-e-sombra-de-dilma-comanda-intermediacao-milionaria-de-verba-publica-pior-erenice-participa-de-reunioes-comissao-6/

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