
Antes de começar eu quero dedicar esse post a duas pessoas que já não estão mais entre nós, pelo menos não na forma física. Por isso junho é tão melancólico, porque me obrigou a conviver com o fato de que duas pessoas que eu amo estão mais longe. O primeiro foi meu tio, um sábio filósofo urbano que adorava vinho e Raul Seixas. Ele queria mudar o mundo e mal sabe como mudou o meu com uma simples frase que nem a mim foi dirigida, mas que se referia a minha pessoa. Ele disse "Essa menina vai carregar o nome da família longe". Ele falava da minha vontade de fazer arte e toda vez que eu penso em desistir é esse meu alicerce.
E há dez anos atrás, o mundo perdeu o sorriso mais bonito, a voz mais doce, a baladeira mais animada, a mãe mais dedicada e a amiga mais querida e verdadeira que qualquer pessoa pudesse desejar. Eu os tive por tão breve tempo, mas no meu coração e na minha memória eles sempre viverão.
Por isso hoje eu quero falar sobre algo que pode parece piegas, batido, mas que a gente esquece: NÃO DEIXAR PARA DEPOIS.
Parece fácil mas é mais difícil do que a gente pensa porque o mundo está sempre nos colocando obstáculos. "Nunca diga 'eu te amo' antes da hora", "você tem tempo depois que se aposentar", "amor não coloca comida na mesa", "isso é impróprio pra alguém da sua idade", "os psicólogos recomenda...", "homens foram feitos pra amar mulheres", "abraços não são remédios" e eu poderia continuar com a lista eternamente. Não estou pedindo para sair dos padrões todos os dias, mas dizendo que a vida é mais do que se importar com o que o vizinho vai pensar. E que as vezes a gente percebe tarde demais que nem tudo é tão complicado como nos pregaram.
O dia que você abandonar o jogo e aprender que a vida simples, que os muros não são tão altos e que arrependimentos não levam a nada, não vai passar o tempo remoendo nunca ter dito aquele "eu te amo", "Você é importante pra mim" ou simplesmente "vamos ser amigos apenas". Isso vai acontecer naturalmente porque você vai aprender que você não é Atlas e não precisa carregar o mundo nas costas, que a felicidade dos outros não depende do seu jeito de ser ou agir e que a mágoa que uma palavra pode causar hoje, vai ser o agradecimento de amanhã se for verdadeira e bem colocada, mesmo que na hora errada.
Pra finalizar: "Lurde, você arrasou com meu mundo!". "Tio, você tinha razão, eu vou conseguir, e vai ser por mim, não por outra pessoa, mas minha vitória será dedicada àquela frase, curta frase que eu nunca esquecerei."
Agora pare de ler esse blog e vá abraçar alguém que você ama, porque nem todo Junho precisa ser melancólico.