sábado, 26 de junho de 2010

O Melancólico Junho


Antes de começar eu quero dedicar esse post a duas pessoas que já não estão mais entre nós, pelo menos não na forma física. Por isso junho é tão melancólico, porque me obrigou a conviver com o fato de que duas pessoas que eu amo estão mais longe. O primeiro foi meu tio, um sábio filósofo urbano que adorava vinho e Raul Seixas. Ele queria mudar o mundo e mal sabe como mudou o meu com uma simples frase que nem a mim foi dirigida, mas que se referia a minha pessoa. Ele disse "Essa menina vai carregar o nome da família longe". Ele falava da minha vontade de fazer arte e toda vez que eu penso em desistir é esse meu alicerce.

E há dez anos atrás, o mundo perdeu o sorriso mais bonito, a voz mais doce, a baladeira mais animada, a mãe mais dedicada e a amiga mais querida e verdadeira que qualquer pessoa pudesse desejar. Eu os tive por tão breve tempo, mas no meu coração e na minha memória eles sempre viverão.

Por isso hoje eu quero falar sobre algo que pode parece piegas, batido, mas que a gente esquece: NÃO DEIXAR PARA DEPOIS.

Parece fácil mas é mais difícil do que a gente pensa porque o mundo está sempre nos colocando obstáculos. "Nunca diga 'eu te amo' antes da hora", "você tem tempo depois que se aposentar", "amor não coloca comida na mesa", "isso é impróprio pra alguém da sua idade", "os psicólogos recomenda...", "homens foram feitos pra amar mulheres", "abraços não são remédios" e eu poderia continuar com a lista eternamente. Não estou pedindo para sair dos padrões todos os dias, mas dizendo que a vida é mais do que se importar com o que o vizinho vai pensar. E que as vezes a gente percebe tarde demais que nem tudo é tão complicado como nos pregaram.

O dia que você abandonar o jogo e aprender que a vida simples, que os muros não são tão altos e que arrependimentos não levam a nada, não vai passar o tempo remoendo nunca ter dito aquele "eu te amo", "Você é importante pra mim" ou simplesmente "vamos ser amigos apenas". Isso vai acontecer naturalmente porque você vai aprender que você não é Atlas e não precisa carregar o mundo nas costas, que a felicidade dos outros não depende do seu jeito de ser ou agir e que a mágoa que uma palavra pode causar hoje, vai ser o agradecimento de amanhã se for verdadeira e bem colocada, mesmo que na hora errada.

Pra finalizar: "Lurde, você arrasou com meu mundo!". "Tio, você tinha razão, eu vou conseguir, e vai ser por mim, não por outra pessoa, mas minha vitória será dedicada àquela frase, curta frase que eu nunca esquecerei."

Agora pare de ler esse blog e vá abraçar alguém que você ama, porque nem todo Junho precisa ser melancólico.

3 comentários:

  1. Eu concordo com tudo isso (mesmo não colocando em prática nem metade disso)
    Perdemos tanto tempo tentando ser o que os outros querem que sejamos e esquecemos de ser quem nós somos de fato, deixamos de ir atrás dos nossos sonhos pra buscar os sonhos que sonharam pra nós, tentando sempre agradar outras pessoas que não nós mesmos... Enfim, mas devemos erguer a cabeça e parar de dizer que a vida é injusta e começar a assumir a responsabilidade pelas nossas escolhas (acho que to escrevendo isso pra mim mesma...)

    Amo-te

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  2. esse texto me lembrou o filme "Sim Senhor"...pra agarrar as oportunidades na vida ...não deixar nada escapar!


    Não sei se tem algo haver, mas enfim...esse textinho aqui é muito bom e nos faz refletir: "Continue faminto, continue tolo.”
    Quem já saciou a fome não busca mais o alimento, assim como apenas quem não se considera um tolo, não vai querer mais conhecimento e embora vivo, já estará morto. Enquanto faminto e tolo, embora morto, continuará vivo."(Steve Jobs)

    Beijos pra vc!

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  3. à muitos junhos atras aprendi a ser intensa, o que ficou preso na minha garganta e eu não disse antes, hoje é um nó, um nó que se desata em lágrimas, um nó que me amarra a dor.

    à muitos junhos descobri o medo de não ter mais uma chance e por isso aproveito as oportunidades.

    à muitos junhos eu mudei, eu sofri, encolhi e cresci, a muitos junhos fui roubada, você foi roubada.

    à muitos junhos que aprendi que algumas coisas não voltam mais.
    Beijos!

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