sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Maldito romance!

Minha avó sempre me conta as histórias da sua juventude, adoro ouvir cada uma delas e muitas já ouvi tantas vezes que até decorei, especialmente aquelas bem românticas. 

Nesta palavra, linda em todas as línguas, e principalmente na tua - amor mio – se resume a existência nesta e na outra vida. Sinto que existo aqui; e sinto que existirei no além, para qualquer propósito que decidas (…) Pensa um pouco em mim quando os Alpes e o oceano se interpuserem entre nós; mas eles nunca o farão, a menos que tu o queiras.”
Lord Byron para a italiana Teresa - Cartas de Amor de Homens Notáveis 




Uma bem especial é sobre como a irmã dela fez uma briga porque ao entrar na sala ela e o jovem que a estava cortejando foram ver um arranjo de flores ao mesmo tempo e acabaram encostando as mãos. Não preciso nem dizer que ele se tornou persona non grata na casa da família e não se trata do meu avô.

Nessa época o amor, apesar de ser o mesmo que buscamos hoje, era algo praticamente  fisicamente inatingível antes do casamento. Um olhar dizia mais do que qualquer palavra que os lábios pudessem produzir. Era algo intenso, esperado, quase uma agonia estar apaixonado. Foram tantos amores retratados em cartas de amor ardente ao longo da história. Pra mim é quase impossível não admirar esse amor quase platônico, perfeito, especialmente porque sou de um outro tempo.

Claro que as opções eram bem limitadas, já que raramente se conhecia alguém fora do seu reduto, as famílias se formavam dentro da própria cidade ou região. Mas ainda assim, o amor encontrava o caminho dos corações das jovens que se arrumavam para, acompanhadas do irmão mais velho, aproveitar a matinê no clube da cidade, onde estariam todos os partidos interessantes.

Com a revolução sexual dos anos 60 o conceito de amor se misturou ao sexo livre. E a mulher saiu da cozinha pra encontrar o amor nos bares e braços de homens que apreciassem uma mulher independente e batalhadora, coisa que ainda não era muito bem vista na época. Mas ainda existia uma certa aura nos romances dos anos 60 e 70. Você consegue imaginar como seus pais se conheceram? O que fez com que eles olhassem um nos olhos do outro e criassem um vínculo tão forte que trouxe você ao mundo. Agora já era permitido beijar, abraçar, andar de mãos dadas na rua. 

Nos anos 80 a procura do amor ganhou tons fortes e discotecas badaladas (Sim, eu disse discotecas). E em alguns casos, drogas sintéticas bem interessantes... Agora a mulher já era bem independente e ninguém mais tinha algo a ver com isso. É aí que eu considero que a carroça desandou...

Hoje vivemos em um mundo veloz, tudo acontece muito rápido, as distâncias praticamente não existem graças a Internet e você pode até procurar seu amor on-line. A mulher hoje acumula as funções de mãe e mulher de negócios. O homem já não abre a porta do carro e a conta é dividida (essa parte acho justo, que fique bem claro, afinal, agora a mulher trabalha). Vocês trocam saliva no primeiro encontro e em algumas ocasiões fluídos corporais antes mesmo da festa acabar. Na manhã seguinte ele vai embora e você nem lembra o nome do indivíduo porque estava com a cara cheia de tequila e, olhando as fotos no Facebook dos amigos, descobre que dançou funk até o chão usando aquele cinto que você chama de micro saia. E o pior de tudo: a mulherada está conformada com isso. Quer dizer, mais ou menos, porque a maior parte delas ainda sonha com o romance a moda antiga.

Lembro a primeira vez que um homem abriu a porta do carro pra mim. Foi como ganhar na loteria. Fiquei extremamente surpresa, afinal, sempre achei que esse tipo de homem estivesse extinto.  Mas digo uma coisa: eles não estão, eles ainda existem e é possível encontrar o bom e velho romance nesses tempos caóticos.

Acho que o primeiro passo pra encontrar o conto de fadas moderno é aprender a dosar sua personalidade revolucionária. Hoje em dia as mulheres estão agindo como homens por causa da tal igualdade dos sexos que a gente tanto luta pra manter. Aí acaba saindo com qualquer coisa que se mexa. Acho legal a gente ser independente, temos tanto direito a "onde night stands" que qualquer homem, mas tem gente que exagera. E ainda conta vantagem com isso. Aí fica reclamando que os homens não a tratam com respeito e usa constantemente a frase "não quero namorar sério porque não existem homens a moda antiga" pra justificar o fato de que está sozinha. Ninguém vai nos respeitar se a gente não se respeitar também. Você pode ir pra cama com quantos homens quiser, desde que saiba exatamente o que está fazendo. E que raramente esse tipo de relacionamento vai virar algo mais do que simplesmente sexo. O verdadeiro principe encantado não está em uma boate ou em um site de relacionamentos. As histórias que você ouve  de outras mulheres são exceções.

Eu já tive vários romances de contos de fadas modernos, e eles foram bem comuns pra falar a verdade, o cara que eu conheci no mIRC por engano foi meu primeiro beijo, na beira da praia, depois de seis meses trocando e-mails... Ou o ator que me deu uma flor de papel que eu guardo até hoje, mesmo o relacionamento tendo acabado, foi uma das melhores experiências da minha vida porque por quatro anos ele se esforçou todos os dias pra trazer romance pra minha vida, fosse com poemas, cartas, uma cópia do DVD do "Casablanca" simplesmente porque era meu filme preferido. E uma vez ganhei um ovo de páscoa de um menino que tinha me visto uma única vez na vida na balada e que sabe Deus como encontrou meu endereço. Tudo bem, essa ultima foi meio stalker, mas foi bonitinho. O que fez com que essas coisinhas simples fossem inesquecíveis foi a aura que os envolvia, a perspectiva.

Os cavalheiros ainda estão por aí, nós é que muitas vezes ignoramos as pequenas coisas e nos comportamos como homens e ainda assim queremos ser tratadas como mulheres delicadas. Mas ai do homem que nos comparar a uma donzela. Somos fortes! 

Só tenho uma coisa a dizer a vocês meninas: relaxem e aproveitem a viagem. O homem ideal vai aparecer, não precisa se conformar com o troglodita, mas antes tenha certeza de que se trata realmente de um troglodita. Porque muitas vezes estamos simplesmente ignorando o lado bom dele porque não estamos tão interessadas. Aí colocamos a culpa na maldita falta de romance. 

Podemos ter trocado as cartas de amor pelos e-mails e SMS, mas ainda, no fundo, somos donzelas em busca do principe encantado. Não custa nada ajudar, né?


Ah, sim, já ia esquecendo:

Feliz ano novo pra todas vocês e pros ocasionais leitores masculinos. `Bora beijar uns sapos pra encontrar um principe em 2012!

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